terça-feira, março 20

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 Fábio Hollanda advogado

O advogado Fábio Hollanda pediu exoneração do cargo de secretário de Justiça e Cidadania (SEJUC) no último sábado, alegando falta de autonomia para exercer a função e excesso de centralismo por parte do sistema governista. "Precisaria ter mais autonomia, para colocar em prática projetos, e como não foi possível, achei melhor deixar o governo à vontade", disse ele ao Jornal de Hoje. Com a saída de Fábio Holanda da pasta responsável pela administração de presídios e das centrais do cidadão, o cargo passou a ser exercido interinamente pelo secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Aldair da Rocha, que passou a acumular as duas funções.  
Durante o final de semana, em evento do PR, a governadora Rosalba Ciarlini conversou com o deputado federal João Maia sobre a indicação de um substituto do PR, mas até agora este nome não foi confirmado. O advogado Kelps Lima, primeiro suplente de deputado estadual do PR (na aliança com PMDB e PV) chegou a ser cogitado. Ex-secretário de Mobilidade Urbana da Prefeitura de Natal, Kelps desenvolveu um bom trabalho no início da gestão Micarla de Sousa (PV), mas deixou a função justamente para se candidatar a deputado estadual e não foi renomeado após as eleições. Seu nome poderá ser sugerido por João Maia para ocupar o espaço que continuaria sendo do PR na gestão da governadora Rosalba Ciarlini.
O ex-secretário Fábio Holanda, porém, como presidente do PR em Natal, disse defender que o PR mantenha uma posição de independência em relação ao governo Rosalba Ciarlini. Segundo ele, o PR nunca deixou de ajudar o Rio Grande do Norte, não sendo necessário, para isso, ser detentor de cargos na esfera administrativa. "Eu defendo que o partido tenha uma posição de independência. Mas o deputado João Maia ainda não se pronunciou quanto a isso. Respeitando e ajudando o governo Rosalba. O PR nunca deixou de ajudar o Estado por não fazer parte da base do governo", justificou o advogado.
A presença do PR na administração Rosalba Ciarlini foi fruto de um acordo costurado pelo presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia, que resultou no ingresso do PR na gestão estadual. As eleições municipais nos 167 municípios do Rio Grande do Norte tiveram forte influencia nesta decisão, já que o DEM pretende se dividir em alianças nas eleições deste ano em vários municípios, sendo com PMDB, com o PSDB, com o PMN e também com o PR. Fábio Holanda afirma que, independentemente das alianças, o PR mantenha distância administrativa da gestão Rosalba, por uma questão de divergência de modelo de gestão.

"Defendo que o PR fique sem indicar cargos porque a forma centralizada de administrar do governo Rosalba é algo com que eu não concordo. Há divergência na forma de gerir o Estado", afirmou ele em entrevista ao Jornal de Hoje. "Nem se consegue nomear e os projetos têm que passar por um comando central, o que torna o governo pesado e lento", afirma. Além disso, segundo Fábio Hollanda, os secretários ficam subordinados a outros secretários, prejudicando a autonomia necessária para a execução de funções executivas. "Acho muito difícil uma pessoa que tenha um determinado nível de experiência aceite ficar totalmente preso. É secretário, mas, para nomear, tem que se repor a outro secretário. Não nomeia, não define equipe, fica preso. Tem todo o ônus, e não tem a possibilidade de ver os projetos serem efetivados", resumiu.

REPERCUSSÃO
Repercutiu negativamente, no Poder Legislativo, o pedido de exoneração do secretário Fábio Hollanda. O deputado estadual José Dias (PSD) defendeu como verdade as justificativas alegadas pelo representante do PR: "Não me compete julgar a forma como ele saiu, agora o que ele disse é a absoluta verdade: há falta de organização, de capacidade gerencial de recursos, de qualquer interesse em resolver o problema da Secretaria. Tudo que Fábio Hollanda declarou, corresponde à realidade, é verdade absoluta. Agora, se ele deveria ter dito ou não, a governadora que julgue. Para mim, a verdade deve ser dita em qualquer circunstância", declarou.
Para José Dias, as razões que levaram Fábio Hollanda a deixar a Secretaria são as mesmas do antecessor, Tiago Cortez. "Tiago Cortez, que é muito competente, saiu pelas mesmas razões. E acho que o atual secretário que saiu também não quis entregar todo o seu patrimônio num desastre que é o que está acontecendo, desastre na administração pública do RN. A única coisa que o governo está mostrando alguma eficiência é cobrar imposto. O restante não", disse Dias.  
O deputado estadual Fábio Dantas (PHS) alerta o governo para que não feche os olhos aos problemas administrativos como o externado pelo ex-secretário Fábio Hollanda. Ele disse que o ex-secretário não obteve o respaldo necessário da administração e decidiu sair devido à falta de planejamento do governo e à ausência de um projeto. "Fábio criou expectativa, não teve apoio e resolveu sair. É natural", diz Fábio.
Parte dos resultados pífios de satisfação popular, segundo o deputado estadual, "deve-se a muito improviso em todas as áreas". Na sua visão, os secretários que têm mais experiência toleram mais tempo. Outros ficam menos tempo na gestão. "Só fica quem aguenta o repuxo", ironiza, afirmando que a saída, nestes casos, é "dar mais condições de trabalho aos secretários".
O Jornal de Hoje tentou por diversas vezes contato com secretários e políticos ligados ao governo com o objetivo de saber a posição da administração Rosalba Ciarlini sobre a saída do secretário Fábio Hollanda. Contudo, todas as tentativas resultaram infrutíferas. O secretário-chefe de Gabinete, José Anselmo de Carvalho, não atendeu nem retornou os telefonemas. O deputado estadual Getúlio Rego (DEM), líder do governo na Assembleia Legislativa, também não atendeu nem retornou às ligações. A cada dia que passa, tem-se tornado mais e mais difícil obter declarações de interlocutores do governo.

Fonte: Túlio Lemos

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