domingo, março 25

A história de uma crise, em capítulos

Para entender os vários problemas de relacionamento da presidenta com seus aliados, leia abaixo os principais fatos que desgastaram essa relação

Os problemas de Dilma com os partidos da base, inclusive com o PT, se iniciaram ainda na campanha - Wilson Dias/ABr
CAPÍTULO 1

Dilma monta estrutura de campanha própria à margem do PT e compra briga com a cúpula do partidoCom a ajuda do hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, seu companheiro dos tempos de combate à ditadura militar, Dilma Rousseff monta uma estrutura de sua confiança na campanha, que atuava à margem da cúpula do PT. A direção do PT reage ao “aparelho” de Dilma. Foi a partir dessa briga que surgiu a denúncia, publicada pela revista Veja, de que a campanha de Dilma contratara o jornalista Amaury Ribeiro Jr. para formar um núcleo de inteligência com a tarefa de preparar dossiês contra adversários.Briga que gerou crise na base começou na campanhaEntenda toda a história da quebra de sigilo dos tucanosAmaury Ribeiro Jr.: assim caminhou a privataria
CAPÍTULO 2

Rui Falcão não vem à posse de DilmaNa avaliação de muitos, como reflexo da crise com o PT, Rui Falcão, presidente do partido, não comparece à posse da presidenta Dilma Rousseff como presidenta da República. A própria eleição de Rui Falcão é interpretada como uma reação para neutralizar a força do grupo mais próximo de Dilma, que começou a se formar na campanha.
CAPÍTULO 3

Marco Maia é eleito presidente da CâmaraAté o final do governo Lula, tudo caminhava para que o presidente da Câmara fosse o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), então líder do governo. O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que é o atual líder do governo, disputava com ele a indicação. Inicia-se, porém, uma insatisfação nas bancadas de outros estados, que reclamavam que o ministério formado por Dilma era “paulista demais”, e que isso precisa ser corrigido na escolha para a Câmara. Chinaglia retira sua candidatura e seu grupo resolve apoiar a candidatura do gaúcho Marco Maia, também do PT. Marco Maia é eleito, Vaccarezza permanece líder do governo, mas fica a sequela da disputa.
Deputados reelegem Marco Maia presidente da Câmara

CAPÍTULO 4

Palocci pede demissão da Casa CivilApós a denúncia de que seu patrimônio aumentara 20 vezes no período em que foi deputado federal, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, desgastado, pede demissão do Ministério da Casa Civil. A demissão de Palocci é o primeiro passo para o que se tornará regra durante o primeiro ano de governo: uma reação mais rápida de Dilma às denúncias de corrupção, afastando os envolvidos. Após a saída de Palocci, Dilma refaz um núcleo de sua confiança no Palácio do Planalto, levando a senadora Gleisi Hoffmann para a Casa Civil e movendo a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, para o Ministério das Relações Institucionais.
Palocci pede demissão do governo

CAPÍTULO 5

Governo perde na votação do Código FlorestalCom direito a desafios feitos pelo líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, o governo perde feio na primeira votação do Código Florestal na Câmara. Os interesses do grupo ruralista sobressaem, e a orientação do governo é ignorada. Henrique Eduardo começa a se tornar um desafeto do Palácio do Planalto, que começa a trabalhar para enfraquecer o acordo feito entre o PT e o PMDB para que ele venha a ser o próximo presidente da Câmara. Por sua parte, Henrique começa a reagir também.
PMDB desafia Planalto no Código Florestal

CAPÍTULO 6

Cai o ministro Alfredo NascimentoOs problemas começaram a ser identificados pelo próprio governo, pela ministra Gleisi Hoffmann, que percebeu superfaturamentos em obras rodoviárias. Numa reunião sem a presença do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, Dilma deu uma bronca no restante da equipe da pasta. Na sequência dessa reunião, a revista Veja publica reportagem que afirma que os superfaturamentos faziam parte de um esquema de propina no PR, partido de Nascimento. O ministro pede demissão, mas, a partir daí, nunca mais foram as mesmas as relações do governo com o partido. Num discurso no plenário do Senado, o ex-ministro reagiu, dizendo que não era “lixo”.Alfredo Nascimento cai do Ministério dos Transportes“Não sou lixo”, diz ministro demissionário Alfredo Nascimento
CAPÍTULO 7

Cai Pedro Novais do Ministério do TurismoUma operação da Polícia Federal, a Operação Voucher, leva para a cadeia a cúpula do Ministério do Turismo, por denúncias de irregularidades em convênios. A operação leva à queda de Pedro Novais do ministério, uma indicação do presidente do Senado, José Sarney. A queda de Novais faz eclodir outras crises no PMDB, a partir da insatisfação de parte da bancada de deputados, insatisfeita com Henrique Eduardo Alves. No meio da insatisfação, senadores reúnem-se na casa de José Sarney (ele nega a reunião, mas outros senadores a confirmam), e combinam que, na primeira oportunidade, darão um susto em Dilma.Pedro Novais cai e PMDB se dividePMDB planeja dar um “susto” em Dilma Rousseff
CAPÍTULO 8

Seis ministros demitidos por corrupçãoNo total, Dilma demite seis ministros como reação a denúncias de corrupção: Antonio Palocci (Casa Civil); Pedro Novais (Turismo); Alfredo Nascimento (Transportes); Wagner Rossi (Agricultura); Orlando Silva (Esporte), e Carlos Lupi (Trabalho). Cada uma das demissões gerou desgastes com os partidos da base. Já em 2012, Dilma demitiu também Mario Negromonte do Ministério das Cidades. Negromonte vinha tendo problemas de relacionamento com seu próprio partido, o PP.
CAPÍTULO 9

Dilma põe Marcelo Crivella na Pesca e não avisa Michel TemerNuma tática para ajudar a candidatura de Fernando Haddad (PT) à prefeitura de São Paulo e esvaziar a candidatura de Gabriel Chalita (PMDB), Dilma coloca Marcelo Crivella no Ministério da Pesca. O PRB, partido de Crivella, fechava apoio a Chalita em São Paulo. Dilma faz a troca, e o vice-presidente Michel Temer fica sabendo apenas pela televisão. O fato irrita todo o PMDB.
Temer soube de novo ministro da Pesca apenas pela TV

CAPÍTULO 10

Vem o “susto”: Senado derruba diretor da ANTTO ano de 2012 se inicia, e os partidos continuam a reclamar da relação com Dilma. Dizem que o governo não atende a seus pleitos, não libera emendas orçamentárias, nem nomeia os nomes políticos indicados para os ministérios e outros cargos vagos. O troco acontece no Senado, ao vetar a recondução de Bernardo Figueiredo, nome indicado por Dilma, para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
PMDB imprime derrota a Dilma no Senado

CAPÍTULO 11

Dilma não cede à chantagem e afasta Jucá da liderança do governoPara surpresa dos políticos, Dilma resolve enfrentá-los. Em vez de ceder após o susto com Bernardo Figueiredo, ela resolve afastar Romero Jucá (PMDB-AP) da liderança do governo no Senado. Em seguida, afasta também Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança na Câmara. Eles são substituídos por Eduardo Braga (PMDB-AM) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), respectivamente. Empossado como líder, Eduardo Braga diz que chegaram ao fim as “velhas práticas”políticas.Romero Jucá não é mais líder do governoVaccarezza não é mais líder do governoDilma manda recado à base: não aceita chantagem“População não quer mais velhas práticas”, diz novo líder do governo
CAPÍTULO 12

Um dias de derrotas no Congresso

A base rebelada imprime uma série de derrotas a Dilma. A CCJ da Câmara aprova projeto que retira do Executivo os poderes de demarcar reservas indígenas e quilombolas. Adiaram as votações do Código Florestal e da Lei Geral da Copa. E ainda convocaram a ministra do Planejamento, Mirian Belchior, para explicar cortes no orçamento.CCJ aprova proposta de remarcação de terras indígenas e quilombolasSem acordo, Câmara adia Código Florestal e Lei da Copa

Fonte: O Congresso em Foco

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