Fiel a memória do avô, que amava e admirava, Estebam Volkov Bronstein, tinha 14 anos e estava lá naquele 20 de agosto de 1940. Tentaram que não visse a picareta enfiada na cabeça do avô, que não só continuava vivo como pediu a seus guardas que não matassem Mercader, antes o entregassem a polícia mexicana para ser interrogado. No dia seguinte 21 de agosto Trotski sucumbiu aos ferimentos.
Uma picareta para escalada em montanhas coberta de gelo foi a arma que Ramon Mercader usou para matar Trotski no exílio mexicano. Um comunista espanhol que também se identificava como sendo o belga Jacques Monard ou o canadino Frank Jackson, ganhou a confiança do revolucionário russo através de uma secretária americana deste, da qual se tornara amante. E num momento em que estava a sós com Trotski no escritório da casa na Cidade do México enviou-lhe a picareta no crânio.
Estebam, cujo nome russo original era Vsevold, e também conhecido como Sieva pelos próximos, morreu na sexta-feira (16-6-23), na cidade do México, onde a casa do avô ainda existe é um museu dedicado ao pensamento de Trotski.
Tinha 97 anos e uma vida trágica. Nascido em Ialta, andou de país a país até chegar ao México, que mais tarde lhe deu a nacionalidade, viu o avô ser morto por um agente soviético, mas já antes outros familiares tinham sofrido a violência estalinista, como o pai ser executado e mãe filha mais velha de Trotski , a suicidar-se. O tio com quem chegou a viver depois da morte da mãe morreu provavelmente envenenado.
CHICO TORQUATO
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