A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia da República de Portugal nesta 3ª feira (25.abr.2023) é alvo de manifestações nas imediações do prédio que abriga o parlamento português. A data escolhida para a recepção ao chefe do Executivo brasileiro, o feriado de 25 de Abril, causou controvérsia no país europeu (leia mais abaixo).

O esquema de segurança da região foi reforçado e foram instaladas grades de proteção para coibir confrontos. O efetivo de policiais atuando na região não foi divulgado.

A manifestação contrária a Lula foi convocada pelo partido da direita radical português Chega. Os manifestantes entoam frases como “não vai ter picanha” e “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” e mostram cartazes e bandeiras. O Poder360 estima algumas centenas de pessoas presentes no ato –público semelhante ao de manifestação favorável ao presidente.

Em outro local, apoiantes do presidente cantam e mostram cartazes em favor de Lula e com frases como “Democracia, sim. Fascismo, não”. Entoam cantos como “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.

CONTROVÉRSIA

Uma das controvérsias envolvendo o discurso de Lula no parlamento é relacionada à data escolhida. Outra, diz respeito às declarações de Lula sobre a guerra na Ucrânia.

O chefe do Executivo disse em 15 de abril ser “preciso que os EUA parem de incentivar a guerra” e “que a União Europeia comece a falar em paz”. Também chegou a falar que o conflito entre Rússia e Ucrânia é culpa dos 2 países. Desde que chegou a Portugal, porém, Lula mudou o tom. No sábado (22.abr), assinou uma declaração conjunta com o primeiro-ministro português, António Costa, repudiando “a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia”.

O convite para falar no parlamento foi feito em 23 de fevereiro pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, em visita a Brasília. A princípio, o chanceler português anunciou que Lula discursaria durante a sessão solene em homenagem à Revolução dos Cravos, que marca o fim da ditadura em Portugal.

Parlamentares portugueses, no entanto, afirmaram que o Poder Executivo estava desrespeitando a autonomia do Legislativo ao decidir quem fala na Assembleia. Para resolver a questão, foi criada uma sessão especial para o presidente brasileiro antes da solenidade do 25 de Abril. O discurso de Lula foi marcado para às 10h de Lisboa (6h em Brasília) e a sessão solene foi mantida às 11h30 no horário local (7h30 em Brasília).

Lula poderia participar das comemorações da democracia como ouvinte, mas optou por deixar o parlamento depois de seu discurso. Ele seguirá para Madri, na Espanha, onde cumpre 2 dias de compromissos.

Desde fevereiro, o líder do partido de direita Chega, André Ventura, vem dizendo que Lula “não vai ter vida facilitada” durante a visita ao país. “Vamos promover, divulgar, organizar, transportar e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que esta seja a maior manifestação de sempre contra um chefe de Estado em Portugal.”

25 DE ABRIL

Todos os anos, os portugueses marcham pelas ruas segurando cravos vermelhos e entoando os versos da música “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso. Por volta da meia-noite de 25 de abril de 1974, a canção tocou em uma estação de rádio de Portugal. Era a senha para indicar que a operação planejada para acabar com a ditadura salazarista estava em marcha.

Os integrantes do MFA (Movimento das Forças Armadas) se deslocaram para locais estratégicos para “retomar” o país. Os portugueses deram cravos aos soldados. As flores foram colocadas na ponta dos fuzis e usadas para nomear o levante, que ocorreu quase sem derramamento de sangue.

LULA EM PORTUGAL

Lula chegou a Portugal na 6ª feira (21.abr), mas seus compromissos oficiais começaram no sábado (22.abr). Ele foi recebido pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, no Mosteiro dos Jerônimos. Lá, depositou flores no túmulo do poeta português Luiz Vaz de Camões.

Depois, seguiu para o Palácio de Belém para uma reunião privada com o presidente português.

Na sequência, Lula passou a tarde na 13ª Cúpula Luso-Brasileira com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e outras autoridades portuguesas. No domingo (23.abr), o chefe do Executivo teve uma agenda livre de compromissos oficiais.

Esteve no Fórum de Negócios Portugal-Brasil, em Matosinhos, no norte do país, na manhã desta 2ª feira (24.abr). Depois, seguiu a bordo do 1º avião KC-390 Embraer entregue ao governo português para a empresa aeronáutica Ogma, na região de Lisboa.

Na sequência, entregou o Prêmio Camões de 2019 ao autor, cantor e compositor Chico Buarque. A cerimônia foi realizada no Palácio de Queluz.

Com informações do Poder 360