Reunião em Porto do Mangue debate novo terminal marítimo
Audiência pública será realizada no próximo dia 15
Marcelo Hollanda
hollandajornalista@gmail.com
Sem alarde, empresários e políticos reuniram-se nesta sexta-feira no
final da manhã para discutir os detalhes finais de uma audiência pública
para análise e coleta de informações destinadas à implantação de um
terminal marítimo privado em Porto do Mangue.
Francisco Gomes, o Titico, prefeito de Porto do Mangue, assume assim o
protagonismo de uma ação que deveria ser da governadora Rosalba
Ciarlini se o ex-deputado Rogério Marinho ainda fosse seu secretário de
Desenvolvimento Econômico.
Entre outros, marcaram presença no encontro o ex-presidente da
Federação da Indústria, Flávio Azevedo, vice-presidente da Confederação
Nacional da Indústria (CNI); o próprio Rogério Marinho e o prefeito
Titico. Até um representante da Federação da Agricultura do Estado foi
enviado para a reunião, uma vez que a Confederação Nacional da
Agricultura (da senadora Kátia Abreu) tem todo o interesse no
desenvolvimento de portos privados.
O edital de concorrência para a construção de um terminal prevê o uso
de uma área de 60,65 hectares. A audiência começará às 9h e terminará
às 13h do dia 15 de fevereiro, no auditório da Câmara Municipal de Porto
do Mangue.
No último dia 27 de dezembro, no Diário Oficial do Estado, a
Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado (Sedec) publicou o
termo de cooperação técnica 03/2013, voltado aos trabalhos de construção
do novo porto potiguar.
O pouco que se sabe é que o projeto vem sendo cuidadosamente
preparado há mais de um ano e que contou com o empenho do ex-secretário
Rogério Marinho e, não o dedo, mas a mão toda do deputado Henrique
Eduardo, o homem que abre as portas em Brasília.
A informação é que a obra já tem, inclusive, o desenho da licitação
concluído. Entre o tempo em que o projeto começou até agora, o deputado
Henrique Eduardo rompeu politicamente com a governadora e, mais
recentemente, Rogério Marinho deixou o governo.
A Federação da Indústria, presidida por Amaro Sales, não esteve na
reunião de hoje em Porto do Mangue e, ao que se sabe, não mandou
representante. Nem poderia – seu vice-presidente é Pedro Terceiro de
Melo, presidente da Companhia Docas do RN, que hoje luta por recursos
federais para ampliar a retroárea do porto de Natal e realiza seu
primeiro concurso público depois de muito tempo.
Com a Lei dos Portos, do Governo Federal, começou a corrida por
projetos alternativos para o porto de Natal, inviabilizado pela sua
localização de porto urbano e pela existência da ponte Newton Navarro,
cujas dimensões acabaram por sepultar qualquer pretensão do terminal
para o futuro no que diz respeito a grandes operações.
A Fiern, que deveria ser uma das mais interessadas na construção de
um porto privado que pudesse interagir com o único aeroporto privado do
país (São Gonçalo do Amarante), não participa diretamente do processo.
Assim, o prefeito Titico, de Porto do Mangue, tenta liderar
politicamente a iniciativa. De uma forma vagamente parecida, foi o que
aconteceu com o seu colega Jaime Calado, de São Gonçalo, que há anos
perseguia o projeto do aeroporto.
Não era essa situação há duas semanas, quando o projeto do novo porto
foi entregue à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, contendo os
estudos sobre a construção do terminal. O problema é que tudo que cai no
Gabinete Civil congela e o progresso tem pressa.
Não é de hoje que o Porto do Mangue desperta a imaginação dos adeptos
de um porto para o Estado. O local apresenta a facilidade natural de um
calado (profundidade) para atracação de navios de até 15 metros de
profundidade e proximidade com os maiores produtores de calcário do RN.
Desde 2005, quando a ideia começou a ser mais fortemente debatida, o
novo porto vem sendo pensado com um terminal graneleiro voltado a escoar
a produção de minério do Seridó para os portos de Pecém (CE) e Suape,
em (PE). Segundo o atual titular da Sedec, Silvio Torquato, o projeto
seria apresentado para a governadora Rosalba Ciarlini até o fim deste
mês. Alguma coisa deve ter dado errado. Por trás da iniciativa está o
grupo Inframérica, o mesmo que constrói e vai admiunistrar o aeroporto
de São Gonçalo.
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