O cientista político Paulo Kramer avalia que o presidente Jair Bolsonaro “turbinou” seu poder de barganha perante o Congresso, com os expressivos atos de apoio que recebeu neste domingo em todo o País, e que os ministros Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça) saíram fortalecidos.
Para ele, o bolsonarismo “exibiu uma face reformista, moderna, civicamente responsável, numa palavra, ‘civilizada’, protagonizando algo raro, para não dizer ‘inédito’ no Brasil e no mundo: manifestações populares a favor de uma agenda altamente impopular (reforma da Previdência)”. Kramer disse que até hoje “eu não tinha visto passeatas com cartazes e faixas em apoio a uma equipe econômica!”
“Para um Executivo que abriu mão do toma-lá-dá-cá do presidencialismo de coalizão/cooptação/corrupção para se alimentar da seiva da popularidade, foi uma recarga no prazo de validade do seu carisma”, sentencia Kramer, professor de Ciência Política aposentado da Universidade de Brasília (UnB), articulista do Diário do Poder e comentarista da rádio BandNews FM.
O cientista político considera também ser notável a autonomia cívica do bolsonarismo em relação a grupos organizados que ajudaram a tornar possível essa grande transformação, “mas que decidiram se distanciar da mobilização preparatória às demonstrações de hoje, provavelmente por receio de que a tônica viesse a ser uma pauta antidemocrática e hostil à institucionalidade democrática”. Entre esses grupos ele cita os movimentos MBL, Vem Pra Rua etc. “Felizmente, esse temor foi desfeito pela celebração cívica auriverde num domingo ensolarado de Norte a Sul do País”, celebra.
Mas Kramer pondera que não é possível compreender este domingo nas ruas do Brasil “sem remontar ao arco histórico que começou a ser traçado em junho de 2013, conquistou maturidade no impeachment de Dilma e ganhou musculatura nas eleições do ano passado”.
Diário do Poder
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