Para os "Doutores da Lei" que passam o dia inteiro monitorando o blog:
É bom que vocês não esqueçam: IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Breve relato sobre a ditadura militar no Brasil e o apoio que teve do DEM (ex-PFL, PDS e Arena)
Por Emanuel Neri
Existem determinados acontecimentos –emocionais, políticos, históricos ou de outra natureza - que nos trazem recordações negativas. Eu tenho vários. Não se trata de ter ódio ou rancor destes acontecimentos. Mas tenho muita raiva –é um sentimento mais brando, mas é forte. E isso a memória não pode, e eu não quero, que apague.
E um dos acontecimentos que mais me marcaram, pelo menos do ponto de vista político e histórico, foi a ditadura militar que o Brasil viveu durante 21 anos (1964-1985). Muita gente hoje, principalmente os mais jovens, não tem memória do que foi este período no Brasil. Prisões, exílio, torturas, mortes – uma geração inteira de brasileiros, como a minha, viveu estes tristes momento do nosso país.
E por não gostar da ditadura militar eu também tenho sérias restrições a tudo o que esteve ligado - e de alguma forma ainda está – a este período vivido pelo país. Não tive militância política, nunca fui preso pelos militares, mas tenho muita consciência do que o Brasil viveu naquele período. E tenho, sobretudo, memória - como cidadão, no início, e como jornalista, depois, já atuando na imprensa.
Pois então é por isso que eu também questiono a história do DEM - este partido que, com o nome de Arena, foi o braço político da ditadura militar. O DEM tentou mudar sua imagem em vários momentos dos pós-ditadura. Mas não mudou sua ideologia. Depois da Arena, virou PDS, depois PFL e agora é DEM. É importante que se lembre a história do DEM, como a do PP, que também tem um pé fincado na ditadura.
A maioria dos partidos brasileiros, de uma forma ou de outra, combateu a ditadura. O PMDB, ex-MDB, foi resistente à tirania dos militares. O PSDB nasceu de uma dissidência do PMDB, que esteve na mesma trincheira. O PT sempre teve uma história ligada à contestação da ditadura, antes no movimento sindical, com Lula, depois como partido. O mesmo aconteceu com o PDT, PC do B, PPS e outros.
Mas o DEM tentou mudar de roupa, trocando constantemente de nomes, mas sua alma permaneceu a mesma. O DEM –ou o PFL, ou PDS ou Arena – jamais fez nenhuma revisão, ou autocrítica, do que foi seu tenebroso papel na ditadura militar. Até a Alemanha fez autocrítica sobre seu período nazista. O DEM e seus seguidores jamais fizeram isso.
O DEM não consegue esquecer – ou, então, faz questão de manter – sua máscara autoritária. Vocês devem estar lembrados do vexame que o senador José Agripino Maia (DEM-RN), hoje presidente do partido, passou ao tentar inquirir a hoje presidenta Dilma Roussef, durante depoimento em 1998, no Senado. Dilma era ministra do governo Lula.
O Brasil inteiro sabe que Dilma foi presa e barbaramente torturada, quando tinha 19 anos, durante a ditadura -um tema que é extremamente delicado para ela. Pois José Agripino tentou questionar sua honestidade, ao dizer que ela “mentia” em seus interrogatórios nos porões da ditadura. Todo o Senado ficou estarrecido, mas Dilma não perdeu a calma. Disse que tinha orgulho de sua biografia de militância política e que, se mentiu sob tortura, foi para salvar vidas de amigos.
O também ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen (SC), num comentário visto como racista, prometeu, em 2006, acabar “com a raça" do PT. O DEM é assim. Vive trocando de nome, para mudar a imagem. Mas sua alma e dos seus seguidores continua igualzinha à de antes. Talvez seja este um dos motivos pelos quais o DEM está acabando.
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