O QUE ERA BOM NÃO EXISTE MAIS
O tempo se vai e a gente percebe
Que o tempo bom não existe mais
E que a tristeza e a saudade é demais
Daquele tempinho que era criança
Não via assassino matando a esperança
Trazendo nas mãos a arma assassina
No fundo dos olhos a dor que extermina
O mundo não é feito de bondade
Ele esta repleto de muita maldade
Oh Deus que saudade quando era menina
Brincar no terreiro, correndo do tica
Boneca, de bila e caça tesouro
Brincar de teatro era o nosso ouro
Subindo num palco que era um carrinho
A carroceria do meu vô paizinho
Era o cenário de muita história
E as plantas platéia, cantando vitoria
Pra aqueles artistas que se apresentava
Cantava, pulava, e interpretava
Naquele mundinho repleto de gloria
Fazer da aurora uma cama de sonhos
O mundo era um doce brinquedo gigante
A lata de óleo um alto falante
Trazendo de volta momentos risonhos
No peito uma dor, por lugares estranhos
Onde o tempo e a tristeza se fazem presente
Escondendo a lembrança guardada na mente
E o barco de sonhos caminha ligeiro
Levando lembranças do mundo inteiro
Uma parte da vida que fica ausente
Percebo que o tempo não sabe o que faz
Esta segurando numa corda bamba
Olhando as crianças brincando de samba
E desesperado caminha pra traz
A modernidade parece eficaz
Destruiu a pureza e os nossos valores
O dom da verdade e sinceros amores
Parece poeira que some com o vento
Pensando veloz, caminhando lento
Catando a tristeza de um mundo de dores
Aldinete sales
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Amor de sertão
Não tinha oceano nem tinha sereia
Não tinha o barulho das águas do mar
Nem mesmo um barquinho para velejar
Somente uma casa e aquela fogueira
As chamas brilhavam como uma clareira
A areia cobria metade do sonho
E o céu traduzia com rosto risonho
Um amor de sertão guardado no peito
Apenas saudades que pega de jeito
Deixando no rosto um traço tristonho
Eu vejo esse amor em toda alvorada
Na chuva que chora de tanta paixão
No sol que abençoa o chão do sertão
No vaqueiro que trás a grande boiada
No frio que corre pela madrugada
Na estrada de barro que forma poeira
No aconchego quentinho de uma lareira
Na lua que joga pedaços de amor
No bater das asas de um beija-flor
Sugando o néctar no pé da roseira.
Amor de sertão tem cheiro de chuva
De solo bem seco e de terra molhada
De flores no campo e carroças na estrada
De poemas escritos em som de cordel
Feroz como a abelha que cria o mel
É o meu coração que bate ligeiro
Deixando sinais de amor verdadeiro
Apenas no brilho que tem meu olhar
Segredos perdidos sempre a navegar
Amor de sertão que vem por inteiro.
Aldinete sales.
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