O ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) publicou neste sábado (28) um artigo na Tribuna do Norte. No texto, críticas a governadora Fátima Bezerra (PT). Confira abaixo.
PERDEMOS O ANO!
O governo do Estado fecha o ano sem enfrentar seu crucial problema: a aguda crise fiscal. Sem rumo e sem prumo, continuamos com os salários dos servidores atrasados e um completo caos na saúde pública, na segurança, sem melhorias na educação e sem perspectiva para a nossa infraestrutura e demais políticas públicas. Sem nenhum constrangimento, o governo empurrou goela abaixo dos pobres municípios o Proedi. Vale dizer que o Proedi é fundamental para o desenvolvimento econômico e geração de empregos, mas não pode ser levado a efeito tungando os parcos recursos dos nossos pobres municípios, quando todos sabem que 93% deles não tem sequer uma única indústria. Feio. Na realidade, este governo, desde o início, nada fez para reestruturar administrativamente o RN.
Mesmo devendo três folhas salariais, concedeu aumento de 16,38% aos detentores dos melhores salários, preterindo o sofrido servidor público já mal remunerado. Feio. Muito feio. Eu, que resgatei Natal do caos absoluto em 2013, sei bem que não é fácil governar. Mas é mais difícil ainda quando se governa com privilégios e sem metas, pois isso é incompatível com qualquer gestão. Talvez por isso mesmo esse governo continue no improviso, sem nenhuma consistência. Até agora o RN não encontrou saída para seus graves problemas. Mas no nosso Nordeste os demais Estados estão em dia com suas obrigações e, mais que isso, pagando o custeio de suas máquinas administrativas e investindo para fazer crescer suas economias e oportunidades de emprego.
O Plano Mansueto do governo federal, por exemplo, destinaria cerca de R$ 1 bilhão e 300 milhões ao RN, desde que aqui se fizesse o dever de casa, o que não é o nosso caso, infelizmente. Não temos recursos para normalizar a folha de pessoal, para o custeio da máquina e, principalmente, para investir em saúde, educação, segurança, cultura e tantas outras áreas. Na verdade, temos um Estado paquidérmico, inchado e incapaz para enfrentar as nossas carências. Ao contrário de propostas para uma reestruturação do Estado, o que temos é uma obstinada política paliativa de expectativa de receitas extras, seja com a antecipação dos royalties do petróleo, seja com a nebulosa amtecipação da folha de pessoal ou a cessão onerosa do pré-sal. E eu pergunto: quando esses recursos acabarem, como ficarão as contas quando não houver mais patrimônio para ser vendido? À espera de um milagre? O governo despreza um princípio basilar. A despesa não pode ser maior que a receita.
Sou social-democrata, talvez fora de moda nesses dias de radicalismo à esquerda e à direita. Mas como sou um homem de convicções e não sigo modismos, acredito no Estado regulador e também em seu papel social para combater abissais desigualdades e perversas exclusões sociais tão contundentes no nosso país. Não acredito em governos sem recursos para resolver os problemas das pessoas. Nesse nosso chão temos mais de 100 mil funcionários penalizados por inoperência e cerca de 3 milhões e 500 mil habitantes sem o justo retorno dos impostos que pagam. Insisto. É preciso reestruturar o Estado através de uma ampla reforma administrativa e um programa de privatizações e concessões. Sem enfrentar a aguda crise fiscal não teremos saúde, educação, segurança, infraestrutura, inclusão social e demais políticas públicas. Na realidade, este governo desde o início era para ter reestruturado o Estado. Como não fez, perdemos o ano!
Fonte: Portal Grande Ponto
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