segunda-feira, março 30

Prefeito Ivan Júnior: ‘Assu não vai voltar para as mãos do passado’


O prefeito de Assu, Ivan Júnior, decidiu mudar o perfil de gestor público. Abriu mão do conforto do gabinete, de práticas da política antiga, para imprimir um novo modelo de administrar a Prefeitura.
Ao invés da ação assistencialista, o trabalho para melhorar a vida das pessoas, fincado em projetos modernos, principalmente nas áreas de saúde, educação e desenvolvimento econômico.
Para isso, teve que adotar medidas e, principalmente mudar o conceito de gestão pública.
Ivan Júnior trabalha nas ruas, visitando obras, repartições públicas, para fiscalizar os serviços e propor a parceria com a sociedade para alcançar a excelência do serviço público.
O prefeito Ivan tomou o “Cafezinho com César Santos”, quando falou de gestão pública e de política, sem fugir de nenhum tema, inclusive, sobre a sua sucessão revelou que tem bons nomes para ser candidato, revelando quatro deles.
Leia a entrevista. As fotos são de Marcos Garcia.
DE FATO – O ano de 2015, provavelmente, será o mais difícil das últimas duas décadas, em consequência da crise política e econômica que afeta o País. As consequências serão sentidas pelas gestões públicas, principalmente dos municípios. A sua gestão se preparou para enfrentar esse momento?
IVAN JÚNIOR – Essas dificuldades, destacadas agora, na verdade, já são uma constante nas gestões municipais. Desde 2009, os municípios vêm amargando quedas de receitas, o que afeta sobremaneira áreas vitais como saúde, educação, desenvolvimento social. Isso, porém, não nos desestimulou, pois nossa função é de administrar bem o município com o que temos à disposição. Então, estamos fazendo uma gestão com muita responsabilidade, zelo com dinheiro público, acompanhando de perto todos os investimentos, como forma de aplicar da melhor forma possível. Estamos fazendo isso desde o primeiro momento da nossa primeira gestão, por isso, Assú está conseguindo enfrentar as dificuldades.

COMO é possível investir se os recursos são poucos?
DIMINUINDO despesas e elegendo prioridades. Alguns investimentos que estão previstos, decidimos aguardar para outro momento. A partir daí, passamos a executar as prioridades, principalmente nas áreas da saúde e educação. Também priorizamos obras de infraestrutura que são necessárias para atrair novos investimentos.

ONDE foi possível cortar, prefeito?
NA ÁREA de eventos fizemos cortes, mas com o cuidado de não comprometer festas tradicionais, como é o caso do nosso São João, que chega a 289 anos, e é considerado o mais antigo São João do mundo. O São João está preservado, mas respeitando o orçamento que podemos ter. Interessante é que a nossa festa continua grande, com a tradição mantida, mesmo tendo que investir menos. Importante afirmar que, com os recursos bem aplicados, foi possível garantir outros eventos inseridos no nosso calendário anual. Fizemos cortes em outras áreas e direcionamos recursos para setores vitais, com resultado bastante satisfatório. Então, assim, é possível, apesar das dificuldades, fazer uma gestão profícua.
APESAR das dificuldades, prefeito, é possível pensar fazer investimentos no ano de 2015?
É POSSÍVEL e vamos fazer. Na hora que o gestor elege prioridade, é possível fazer, mas desde que trabalhe de forma eficiente. O trabalho com eficiência, que eu cito, é acompanhar de perto os investimentos, visitando e fiscalizando obras, buscando melhoria na qualidade das obras e, principalmente, aplicando cada centavo de real de forma correta e em prol do bem da coletividade. É interessante ressaltar que estamos fazendo isso e chamando a população para participar e acompanhar de perto as ações do nosso governo. Os resultados têm sido interessantes, bastante observar o nível de satisfação das pessoas.

BASEADO na máxima da participação popular é o que senhor tem ido muito mais às ruas do que ao gabinete?
EXATAMENTE. Fizemos isso já no primeiro mandato, inclusive, essa postura é pioneira no município de Assú. A população só recebia visitas, no caso de políticos ou do prefeito, em período de campanha eleitoral, mas decidimos mudar o perfil de gestor público. Desde o primeiro momento que vamos às ruas, visitamos comunidades e acompanhamos de perto as ações da nossa gestão. Nossas visitas se estendem a todo o município, desde a menor localidade rural até ao mais nobre bairro do perímetro urbano, sem discriminar ninguém, e isso ajuda a gestão a buscar resultados positivos daquilo que é feito.
MAS a oposição, vez por outra, diz que essas visitas são eleitoreiras?
NÃO se incomoda, porque a oposição fala por falar. Veja: no primeiro mandato, quando eu fazia as visitas, diziam que eu estava nas ruas porque era candidato à reeleição. Agora, reeleito, estou no terceiro ano do segundo mandato e continuou fazendo as visitas, administrando Assú próximo das pessoas. Então, o importante é sentir o sentimento da população, ficar próximo, pois só assim é possível realizar uma administração que venha atender as demandas populares. Quero dizer que vou intensificar cada vez mais as visitas, para atender a todos, e realizar a gestão que as pessoas esperam do prefeito.

ESSAS visitas são uma forma de atestar a eficiência dos serviços e, ao mesmo tempo, verificar o que está errado para consertar?
TENHO feito isso e com esse objetivo. Vou às escolas para saber como estão a merenda escolar, a qualidade dos transportes dos estudantes, a eficiência dos professores em sala de aula. Vou às unidades de saúde para ver de perto o serviço prestado à população, para saber se os agentes de saúde estão fazendo as visitas como devem ser feitas, se as vacinas estão sendo aplicadas devidamente. Muitas vezes as pessoas cobram obras estruturantes, e isso estamos fazendo, mas o gestor público precisa ter a consciência de oferecer serviços de qualidade nas necessidades básicas da população.
O SENHOR, então, é o fiscal de sua própria gestão?
EXATAMENTE. E sou um fiscal exigente porque quero a excelência dos serviços públicos. E assim continuarei até o último dia de nossa gestão, fiscalizando e adotando medidas para melhorar o que ainda não está bom. O interessante é que nessas visitas a gente escuta sugestões das pessoas, e dentro de uma análise responsável nós adotamos essas sugestões, o que configura numa gestão compartilhada.

CITE um exemplo concreto dessa gestão compartilhada que o senhor fala?
RECENTEMENTE, estivemos visitando uma localidade, onde estamos executando obras de convivência com a seca, e lá tem o exemplo claro da gestão compartilhada. Convocamos os moradores para executar as obras em regime de mutirão e todos aceitaram. O importante é que o cidadão que constrói com a Prefeitura, tem o zelo maior na qualidade do serviço, na fiscalização e execução do trabalho. Também serve para transmitir a toda população a forma como as ações são realizadas com eficiência e zelo.

PREFEITO, Assú contará, a partir de 2016, com o campus da Ufersa, que vai oferecer o curso de Medicina. Sem dúvida, um avanço para o ensino superior da cidade e região. Como foi possível Assú atrair esse importante investimento?
POSSO historiar essa luta. Tudo começou a partir de uma realidade difícil enfrentada por estudantes de ensino superior que precisavam se deslocar para outras cidades em busca de sua formação. Eles buscaram ajuda da Prefeitura para terem pelo menos o transporte. O que a gente observava: se outras cidades ofereciam essas oportunidades, Assú também tinha capacidade para oferecer o mesmo, ou melhor. A nossa cidade não podia continuar apenas transportando alunos como se fosse uma rodoviária. Estão fomos à luta. Primeiro, fizemos um cadastramento dos alunos que estudavam fora, distribuídos em cidades como Mossoró e Natal principalmente. Em seguida, apresentamos o projeto ao Ministério da Educação, solicitando para Assú novas vagas de ensino superior. Fomos à Ufersa e à UFRN, sendo que a Ufersa por uma questão geográfica era mais viável. Então, com o apoio da deputada e hoje senadora Fátima Bezerra (PT), conseguimos o curso de Medicina, que será o avanço não só para Assú, mas para toda a região.

O PROCESSO de implantação está em que estágio?

VAI funcionar a partir do segundo semestre de 2016, com a seleção dos alunos sendo feita através do Enem que será realizado no final de 2015. O concurso para contratação de profissionais está caminhando. A Prefeitura ofereceu uma área onde será construído o campus, que é um centro de ciência em medicina. Então, o processo está bem encaminhado e a partir de 2016 os nossos jovens terão mais essa importante oportunidade.

MEDICINA é bastante concorrido, em qualquer concurso de seleção. Como as vagas serão definidas pelo Enem, essa concorrência aumenta. Como os jovens de Assú estão se preparando para essa concorrência?
OS JOVENS de Assú vão ter plenas condições de entrar na Universidade, de cursar Medicina, que é o sonho de muitos. Para isso, vamos oferecer todas as condições de uma boa preparação. Iniciaremos um cursinho em parceria com a Ufersa, campus de Angicos. Como será essa parceria? Os estudantes da Ufersa serão bolsistas, capacitados pela própria Universidade, para ministrar as aulas para os jovens de Assú. É um curso pré-vestibular, gratuito, que vai preparar os alunos da rede municipal para entrar no mercado tão concorrido.

MAS prefeito, o cursinho pré-vestibular pouco adiantará se o ensino básico oferecido não é de qualidade. A sua gestão vem cuidando do ensino fundamental e médio?
CONCORDO. É preciso preparar a partir do ensino básico. Isso nós estamos fazendo. Primeiro, ampliamos a política de valorização dos profissionais, garantindo a satisfação dos professores da rede municipal. Respeitamos o piso nacional do Magistério e trabalhamos na capacitação. Investimentos na estrutura da Educação, com construção de novas escolas, reforma e ampliação das existentes. Posso afirmar que quase todas as escolas municipais foram reformadas e ampliadas. Além disso, temos estabelecido diálogo permanente com os segmentos da educação, aí eu falo os diretores de escolas, professores e as famílias dos alunos. Então, o resultado tem sido satisfatório, com a qualidade de ensino básico que vai permitir que nossos alunos sejam capacitados para o ensino superior.

COMO cidade-polo, Assú atrai os investimentos de toda a região, mas também desperta a atenção dos profissionais que não têm oportunidade em seus municípios, determinando assim forte concorrência no mercado de trabalho. A sua gestão tem políticas para preparar a mão de obra local, principalmente jovens?
ESSA pergunta é pertinente, porque essa é uma preocupação constante. A nossa gestão vem trabalhando em várias frentes para oportunizar às pessoas de Assú, principalmente os jovens, a qualificação necessária e exigida pelo mercado de trabalho. Primeiro, criamos um programa, o Prodia, para atrair novas empresas. O incentivo dado pelo Município, como a doação de áreas, tem sido importante e as empresas estão chegando. Paralelamente, estamos cuidando da formação profissional para que as empresas tenham certeza que em Assú encontram mão de obra qualificada. Oferecemos cursos profissionalizantes em várias áreas. Temos parceiros importantes como a UFRN, Uern, Ufersa, Sebrae, entre outros. Então, as pessoas querem trabalhar e fazer carreira na cidade do Assú, eles têm a oportunidade da qualificação através das nossas ações.

ATÉ que ponto o Programa de Desenvolvimento Industrial de Assú, o Prodia, fez avançar o crescimento socioeconômico da cidade?
A CIDADE do Assú tinha o foco voltado para a agricultura e a pecuária, mas sofria muito com secas e enchentes, afetando diretamente a nossa economia. Então, para a cidade não ficar dependente de fatores climáticos, buscamos alternativas interessantes. Uma das alternativas é a incubadora de uma fábrica que produz para a Hering. Através do Prodia, instalamos um galpão na área do Centro Administrativo, onde três unidades estão em plena produção, gerando emprego e renda. Os profissionais, todos de Assú, têm salários acima do piso nacional, além da qualificação permanente para ocupar outras atividades da indústria têxtil. Veja que essa área não existia em Assú, mas tivemos a visão de buscar essa nova alternativa através da boa aplicação das políticas públicas. O Prodia já permitiu a doação de mais de 40 áreas para pequenas e médias empresas, que com as suas atividades empregam e geram renda. Então, são essas ideias criativas que superam a mesmice e oferecem novas oportunidades para a cidade e nosso povo.

PREFEITO, vamos falar sobre política. E a primeira pergunta não seria diferente: o senhor já está pensando na sucessão municipal?
OLHE, César, esse é o assunto que, penso, todos os políticos já estão pensando, e eu não sou diferente. Porém, quero dizer que não há, neste momento, um trabalho direcionado para a minha sucessão. Estou comprometido com a gestão, decidido a realizar as ações que a população espera da Prefeitura e, para isso, me dedico totalmente. Agora, no momento oportuno, claro, vamos cuidar das eleições municipais, como forma de nosso grupo político ter as condições de continuar com o nosso projeto administrativo.

MAS o senhor já deve ter nomes que possam, no momento oportuno, apresentar à população. Pode citar alguns desses nomes?
TEMOS grandes quadros, pessoas públicas comprometidas com as causas da população. São pessoas que já colaboram com a nossa gestão, têm uma visão moderna e comprometida com o futuro da nossa cidade. São pessoas competentes, que já fizeram e fazem por Assú. Portanto, nosso grupo tem quadros para disputar as eleições com chances de vitória.
NOMES, prefeito…
TEMOS o empresário Patrício Júnior, uma pessoa competente, com visão de futuro, e que já contribui bastante com o desenvolvimento do município, gerando emprego e renda através de sua atividade empresarial. Ele é sério, responsável e tem espírito público. Temos o atual presidente da Câmara Municipal, vereador Breno Lopes, jovem e com a visão de uma política diferente, que tem muito a oferecer ao município de Assú. Temos Alberto Luiz, ex-vice-prefeito e nosso atual secretário de Educação, que é muito preparado, um grande conhecedor do setor público e que tem muito a contribuir. É um homem sério, honesto e competente. Temos Maira Leiliane, ex-secretária nossa e que hoje empresta a sua competência como secretária-adjunta da Sethas do Governo do Estado. Ela fez um brilhante trabalho no nosso município, destaca-se no setor do desenvolvimento social e que pode perfeitamente administrar Assú. Temos outros nomes interessantes, todos com capacidade de fazer muito por nosso município. O mais importante, creio, é que essas opções estão inseridas dentro da nova realidade de gestão do município, longe dos vícios do passado, que o povo de Assú não deseja mais.

COMO assim, prefeito? O senhor está criticando os gestores do passado?
A POPULAÇÃO sabe muito bem o que tinha antes e o que tem hoje. Sabe que antes o cidadão era refém das ações municipais, e hoje são parceiros, dentro do modelo participativo que implantamos. O povo de Assú está livre e assim quer continuar. Não se trata aqui de críticas ao passado, mas apenas a constatação do que Assú tinha antes e do que Assú tem hoje.

ESSE debate da gestão de hoje versus a gestão do passado será o mote da sua sucessão?
ACHO que a população já comparou e decidiu isso nas eleições de 2012, quando eu fui reeleito com quase 70% dos votos do município (derrotou o deputado George Soares, filho do ex-prefeito Ronaldo Soares). A população comparou o que a nossa gestão fez e faz e o que passado fazia. Penso que o grande desafio agora é fazer mais, avançar mais, manter essa linha de desenvolvimento, e isso só será possível se a cidade não voltar para as mãos do passado.
Fonte: Cesar Santos

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