postado por Josias de Sousa
Valendo-se de retóricas diferentes, quatro partidos do condomínio governista já descartaram a hipótese de aprovar a toque de caixa, até outubro, uma reforma política capaz de valer para as eleições de 2014. Bateram em retirada: PMDB, PP, PR e PSB. Juntando-se essas legendas às de oposição –PSDB, PPS e DEM— pode-se declarar que está a caminho da sepultura a proposta de Dilma Rousseff de realizar um plebiscito ainda neste ano.
O último partido a formalizar o desembarque do plano de Dilma foi o PR. Em notadivulgada nesta quarta (3), a legenda declarou-se a favor do plebiscito. Mas fez duas ponderações. Numa, anotou que “não haveria tempo hábil” para alterar as regras de 2014. Noutra, mudou de assunto: “As vozes das ruas nos mostraram que, além de uma crise política e de representatividade, o país vive crise do pacto federativo e constitucional.” Quer redividir o bolo tributário .
O primeiro partido a tomar distância das teses de Dilma foi o PP. Fez isso às claras e na primeira hora. Em ofício entregue à presidente, a legenda declarou-se contra o plebiscito. Listou 29 questões passíveis de deliberação numa reforma política. E concluiu que seria inviável acomodar tantas dúvidas, a maioria extremamente técnica, numa consulta popular.
Na sequência, saltaram da canoa do plebiscito instantâneo o PSB do governador Eduardo Campos e o PMDB do vice-presidente Michel Temer. No gogó, as duas legendas dizem aceitar o plebiscito, mas não imediatamente. Pelo menos no caso do PMDB, a aceitação é puramente retórica. A maioria da legenda prefere aprovar a reforma e só depois, se for o caso, submetê-la a um referendo.
O caixão do plebiscito expresso já foi aberto. Falta apenas que alguém emita o atestado de óbito da iniciativa de Dilma. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou perto disso ao informar que constituirá um grupo de trabalho para providenciar uma reforma política em 90 dias. Sem plebiscito. Eduardo Cunha (RJ), líder do PDMB na Câmara, é categórico. Afirma que o plebiscito, do modo como foi proposto por Dilma, morreu.
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