PT reclama de Dilma e teme fogo amigo do PSB em 2014
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se reuniu nesta terça-feira com os senadores do partido, e um dos assuntos dominantes foi a preocupação com a movimentação do PSB nas eleições municipais e a avaliação de que o maior adversário da presidente Dilma Rousseff, em 2014, sairá da própria base aliada, provavelmente o governador socialista Eduardo Campos (PE). Diante desse cenário, passaram a avaliar a atuação da presidente Dilma, com uma conclusão negativa sobre sua participação na campanha e reclamaram de sua pouca disposição.
No encontro com Falcão — que também participou nesta terça-feira da comemoração da 5.000ª edição do jornal da liderança do PT na Câmara —, os petistas disseram que Dilma não faz política e que, até por conta disso, a população não a identifica com o PT. Os senadores mostraram insatisfação com o fato de ela ter uma tímida agenda presidencial de visitas aos estados.
"Na campanha, a gente até compreende, mas queríamos que ela pudesse ter uma agenda de visitas aos estados. Todos os estados têm coisas para inaugurar: projetos habitacionais, de energia, expansão de universidades", afirmou um participante da reunião.
Falcão ouviu as queixas, mas não pode prometer nada em nome da presidente. Mas deu algumas sinalizações sobre decisões futuras. Segundo os senadores, disse que a ministra Gleisi Hoffman (Casa Civil), disposta a disputar o governo do Paraná, deve deixar a pasta na minirreforma ministerial, talvez já na virada do ano:
"Se ela é candidata em 2014, vai esperar 2014 para trocar a Casa Civil?", disse Falcão, segundo petistas.
Gleisi está cotada para assumir a liderança do governo no Senado. Dilma deve trocar os ocupantes das três lideranças: o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM); o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP); e o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE). A saída política para essas trocas será a lembrança de que, ao nomeá-los, a presidente deixara claro que haveria um rodízio nos cargos.
No caso de Chinaglia, ele próprio manifestou o desejo de sair. Em conversas com deputados, o petista diz que uma coisa é ser líder do governo Lula, e só dizer sim para os pedidos; outra bem diferente seria ser líder do governo Dilma, tendo que se indispor com os colegas o tempo todo. Um dos nomes cotados para substitui-lo é o do deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Quanto a Pimentel, a avaliação no Palácio do Planalto é que ele foi mal nas negociações para a votação do Orçamento da União, no final do ano passado, e da Lei de Diretrizes Orçamentárias, neste ano. Já Braga é considerado truculento nas negociações com o Senado.
Os petistas perderam as prefeituras de Recife e Fortaleza para o PSB e viram seu aliado nacional se aproximar do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República. O partido acompanha com preocupação os movimentos do presidente do PSB, Eduardo Campos, que também tem pretensão de disputar a Presidência da República.
"Temos que descer do palanque e nos reaproximar dos aliados", disse o senador Jorge Viana (PT-AC).
Nota de apoio a mensaleiros
Na esteira da vitória em São Paulo, os petistas avaliaram que o julgamento do mensalão não influenciou tanto o eleitorado. Eles pretendem divulgar uma nota, no final do julgamento, defendendo os integrantes do partido que foram condenados.
O PT tem reunião marcada para 9 de dezembro, quando pretende traçar um calendário para o próximo ano. A ideia é definir, já em 2013, os locais onde o partido terá candidaturas próprias em 2014 e onde apoiará nomes de aliados.
Da Agência O Globo
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