segunda-feira, outubro 17

REPERCUSSÃO

Ah, eu volto! Pode esperar, Carnaubais!



Passei horas agradabilíssimas no Vale do Açu. O centro de tudo: Carnaubais.
Oportunidade de rever amigos, conhecer outras pessoas, renovar minha paixão pelo interior, pelo jeito espontâneo do seu povo e o ritmo desacelerado de sua vida. O tempo é outro. Ele para. Dá passagem aos grandes gestos humanos, tão raros na cidade grande, feita de concreto, asfalto e indiferença.
Chance de descobrir o músico Chiquinho, um virtuoso ao violão: querido por todos. Unanimidade. Figuraça!
Bom demais conhecer a matriarca Neves Lacerda (e seus filhos)  fincada no seu chão. Feliz pela vida na casa grande onde nasceu; dona de um sorriso encantador, que só as mães possuem.
Fala dos seus bichos, da terra fértil e sobre as pessoas com os olhos da paixão. Tudo é patrimônio afetivo e não econômico. Ouvi-la, quase em silêncio, foi a forma que encontrei para reverenciá-la – agradecido.
Ah, os Lacerda! São tagarelas e festeiros, uma irmandade que não para de juntar agregados, como eu. Bem humorados, afeitos à prosa, não abrem mão da mesa farta e da manguaça! “Raça” que cativa a cada gesto; sempre avessa à dissimulação e a falsos pudores.
O ex-vereador e blogueiro (clique AQUI) Aluízio Lacerda puxou-me até o “Solar dos Lacerda” para uma festinha “comum”, no sábado (15): seu aniversário. Enorme, também no coração, ele interditou rua, juntou dezenas de pessoas e jactava-se de estar preparado para muito mais, enquanto zanzava entre as mesas em trajes sumários, como se fosse um deus grego.
A cozinha em ritmo industrial e o consumo aquém da enorme oferta, lhe davam razão de sobra. E que sobra.
À minha seguida “provocação”, madrugadinha, de que estaria “faltando carne”, ouvi dele o mesmo bordão a nos levar às gargalhadas: “Aqui, não! Só se for no mercado!”
Assim, a madrugada engoliu a noite e foi devorada pelos primeiros raios de sol do domingo. Os mais resistentes pegaram o astro-rei com a mão. Eu, bem antes, havia me rendido.
Ficou o gosto de quero mais, assinalo. Volto depois para demorar mais um pouquinho, comer menos e beber além da conta. Perambular, prosear, assuntar as novidades e acelerar a rede preguiçosa com o pé à parede do alpendre.
Ah, eu volto! Pode esperar!

Postado por Carlos Santos

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