segunda-feira, abril 21

PREFIRO RECORDAR A VIDA PRA NÃO MENOSPREZAR A MORTE

A cada morte de um amigo abre-se em meu coração uma cratera de emoções com difícil prazer de visitar o corpo do falecido, sinto um vácuo intransponível, prefiro ficar guardando as boas imagens da vida, relembrando os momentos vivenciado com a presença do escolhido por Deus, chorando na ausência, sem me expor ás inúmeras lágrimas dos demais que comparecem para o dever cristão do último adeus. 
Estou ficando a cada óbito, convicto de que é melhor fixar a mente em passagens do cotidiano de quem temos afinidade por amizade ou por consanguinidade genética, vertendo o pranto do silêncio pra não machucar mais um coração que sangra a cada despedida. 
Tive raros e especiais momentos de prazer ao lado de Chiquinho Domingos, dedilhando sua viola, solfejando lindíssimas composições de Raul Seixas, Alceu Valença, Ednardo e Belchior, época em que nossa juventude eternizava o sucesso destes grandes artistas. 
Prefiro lembrar do show paralelo dado por Chiquinho na década de 80, após ter ido com ele á Mossoró participar de uma edição da "Mais Bela Voz" promovido pela Rádio Rural". 
Encerrado o show, Chiquinho tirou a camisa do seu violão e em menos de meia hora, tocando e cantando música deste colossal quarteto da vanguarda musical, lotava todas as mesas do Hotel São Pedro na cidade de Mossoró.
 Outra vez na cidade de Pendências, chegando no "Bar Cearense" de seu Chico Torquato fizemos outra grande apresentação, tomei emprestado a Isidro Monteiro (in memorian) o violão do Mobral pra que Chiquinho pudesse numa tocata de 1 hora seguida, cantar todos os sucessos do Maluco Beleza". 
São por estas e outras razões que me reservo a não ver o amigo em estágio de defunto, prefiro lembrar de Chiquinho desde a época em que o chamava de "Caquinho" quando saia a sua procura pra bebericar pelos bares da cidade e adjacências.... Vai com Deus amigo fazer parte da orquestra do Céu!


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