domingo, dezembro 27

MORRE O HOMEM E A HISTÓRIA SEGUE CONTANDO SEUS EXEMPLOS

 

Desejo de forma resumida prestar um breve depoimento a respeito do professor, escritor varzeano Gilberto Freire de Melo, um pendenciense, que deixou com sua morte exemplar acervo de contos e relatos escritos pela lavra pujante de sua fértil inteligência.

Conheci Gilberto em 1960 quando fui residir e estudar em Pendências, sendo este vizinho do meu tio Mizael na rua José Ramos. 

Era na época funcionário dos Correios, vindo a ocupar cargo de confiança no governo de Absalão Pinheiro Maia.

Gilberto Freire sempre demonstrou um lado ideológico, sendo taxado por alguns conservadores de comunista.

Foi meu professor de português nos anos 70 no ginásio Monsenhor Honório, onde aprendi um pouco das regras gramaticais que me serve de balizamento até hoje para o que escrevo e publico.

Gilberto era bastante irreverente, hábil nas palavras e bastante extrovertido.

Casado em 1ª núpcias com Dona Terezinha Bezerra com quem contraiu uma prole de 3 filhos: Maristela, Leonor e Gilberto Júnior ( Jubinha), -  depois que enviuvou, terminou sua vida maritalmente com uma conterrânea nossa, filha de seu Luiz Preto, residente na comunidade de Jenipapeiro - zona rural de Carnaubais.

Gilberto Freire ´pertence a uma familia tradicional da pátria varzeana - Os Freires de Melo e Lemos: é sua base genealógica.

Gilberto com sua idade avançada vinha passando por complicações de saúde, sendo portador de Alzheimer, ultimamente foi acometido de covid- 19, responsável pela sua causa mortis.

Gilberto Freire se despediu do mundo aos 86 anos de idade, deixando um legado cultural de suma importância no contexto literário do universo das letras.

Suas principais obras foram: Absurdos Gramaticais, Santa Luzia do Meu Tempo, Alto do Rodrigues: "Uma História de Amor e Progresso, Cândio Cambão, Pendências de Cima e Manoel Torquato - Um Herói e  Vitima da Guerrilha.

Para finalizar lembro-me de um caso que aconteceu durante a enchente de 1960, sendo Gilberto Freire secretário Municipal, vendo a sede da prefeitura sendo tomada pelas águas, convocou alguns funcionários do municipio e começou a empilhar pastas documentais no madeirame superior da prefeitura, para evitar que fossem danificadas.

Eis que o prefeito Absalão que se encontrava em Natal, sendo chamado as pressas pra ver a realidade da sua cidade, ao chegar na prefeitura, vendo as imediatas providências do seu auxiliar - não se conteve largou um sono grito: Gilberto, você quer me enganchar com o Tribunal de Contas - Jogue essas merdas n'água! 

Obedecida a ordem, mandou em seguida um telegrama para o seu amigo Governador Dinarte Mariz, pedindo uma verificação in loco do TCE. 

Na mesma semana Romildo Gurgel que era o presidente do órgão fiscalizador estadual, veio á Pendências e após a constatação do desaparecimento das pastas, despachou uma declaração de isenção da responsabilidade do governante.

Este relato faz parte dos roteiros escritos pelo saudoso jornalista padre José Luiz Silva de quem fui seu colaborador em sua empresa de comunicação (FOLK), que ficava no 1º andar da Rodoviária da Ribeira em Natal.



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