quinta-feira, fevereiro 13

DECISÃO DO STF QUE RETIROU PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA BAHIA PODE COMPROMETER REELEIÇÃO DE EZEQUIEL FERREIRA



Uma recente decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que afastou o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Adolfo Menezes (PSD), trouxe repercussões para outros estados, incluindo o Rio Grande do Norte. A decisão baseia-se no entendimento consolidado do STF de que é inconstitucional a reeleição consecutiva para a presidência das Assembleias Legislativas em um mesmo mandato parlamentar.


O caso baiano reforça a jurisprudência do Supremo sobre o tema. Em dezembro de 2020, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6524, o STF decidiu que a reeleição sucessiva de presidentes das Assembleias Legislativas viola o artigo 57, §4º, da Constituição Federal, que veda a recondução para cargos da Mesa Diretora do Congresso Nacional na mesma legislatura. Esse entendimento passou a ser aplicado também às Assembleias Estaduais, considerando o princípio da simetria constitucional.


No Rio Grande do Norte, o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB), encontra-se em situação semelhante à de Adolfo Menezes. Ele foi reeleito consecutivamente, mas, ao perceber o risco de contestação judicial, adotou uma estratégia: renunciou ao cargo e, em seguida, foi eleito novamente para a presidência da Casa. Essa manobra levanta questionamentos jurídicos sobre sua legalidade e pode ser alvo de contestação no STF.


Especialistas em direito constitucional apontam que a estratégia de renúncia seguida de reeleição pode ser interpretada como uma tentativa de burlar a vedação estabelecida pelo STF. O professor Wagner Gundim, da Universidade de São Paulo (USP), explica que a decisão sobre a Bahia pode servir de parâmetro para outras Assembleias. “Se o STF entender que a renúncia e posterior reeleição configuram um terceiro mandato consecutivo disfarçado, o mesmo critério poderá ser aplicado ao caso do Rio Grande do Norte”, analisa.


A Procuradoria-Geral da República (PGR) e partidos de oposição podem acionar o STF para questionar a validade da eleição de Ezequiel Ferreira. Caso o tribunal siga o precedente da Bahia, a tendência é que a recondução do presidente da Assembleia do RN seja considerada inconstitucional, resultando em sua destituição do cargo.

Nos bastidores da Assembleia Legislativa do RN, a decisão do STF gerou incerteza. Caso Ezequiel Ferreira seja afastado, será necessária uma nova eleição para a presidência da Casa. O grupo político do atual presidente já discute possíveis alternativas para manter o controle da casa.


O desfecho do caso dependerá da interpretação do STF sobre a validade da manobra adotada por Ezequiel Ferreira. Se houver provocação judicial, a Corte poderá estender ao Rio Grande do Norte a mesma lógica aplicada na Bahia, reforçando o entendimento de que a reeleição consecutiva nas Assembleias Legislativas fere os princípios constitucionais.

 

Por Grande ponto

Nenhum comentário:

Postar um comentário