O Brasil não muda
Em 1976, o Brasil penava com uma inflação de 46% ao ano e o ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, penava com a responsabilidade de dizer “não” a um estado gastador e a um presidente, Ernesto Geisel, que apostava no investimento estatal – exatamente como Joaquim Levy em 2015.
Num caderno de anotações intitulado “agenda para despacho com o excelentíssimo senhor presidente da República”, que leva o carimbo de “secreto”, Simonsen, então com 41 anos, anotou no dia 27 de setembro: “Em matéria de política anti-inflacionária, estamos hoje no ingrato intervalo entre a aplicação dos remédios e a cura da moléstia. O que se recomenda, no momento, é a firme aplicação da terapêutica monetária e fiscal. E uma paciência algo estóica, à espera dos resultados que, pela teoria e pela experiência, necessariamente virão.”.
Guardadas as devidas diferenças de momento histórico – a inflação crônica e um grande desequilíbrio na balança de pagamentos àquela altura são duas delas – a frase contém elementos atuais.
Soa como um conselho de Simonsen a Levy: é preciso ter “paciência algo estóica” para esta travessia. A advertência serve para Dilma também.
Por Lauro Jardim
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