quarta-feira, abril 22

CONHEÇA A REALIDADE HÍDRICA DOS RIOS PIANCÓ-PIRANHAS-AÇU

Procópio Lucena: “Sinal Vermelho: colapso d’água”


José Procópio (José Bezerra) (2)água ocupa destaque todo especial ao longo da história da humanidade como elemento vital e estratégico. Aqui no Seridó as populações se fixaram em torno de suas fontes e ao longo de seus rios e córregos. Construímos aglomerados urbanos e fizemos a cada 2km um barramento d água até alcançarmos o atual estágio de desenvolvimento que ainda é injusto e desigual do posto de vista político, econômico, social e ambiental.
A lei brasileira de recursos hídricos 9.433/97 incorporou em seu texto o uso prioritário da água para consumo humano e a dessedentação dos animais, estabelecendo desta forma uma escala e uma hierarquia de valores. Fato positivo, porém, não existe na lei a obrigatoriedade da gestão dos recursos hídricos integrada à gestão ambiental, isso é muito negativo e ruim para o sistema.
A imprensa tem remetido a “crise hídrica” pura e simplesmente a falta de chuvas. Mas precisamos entender que a questão é mais profunda e envolve a falta de uma boa gestão das águas, o cuidado com rios, açudes, riachos, bacias hidrográficas, vegetação, ecossistema, biodiversidade, etc. Além, do desmatamento desenfreado, contaminação de águas, exploração da monoculturas, uso de venenos,  etc. Não teremos como garantir água de qualidade para todos os usos e principalmente para o consumo humano sem estes cuidados. Segundo dados técnicos de vários estudos no Brasil 70% da água é consumida pela agricultura, 22%, pela indústria e 8%, pelas residências. E quando se fala em redução de consumo, só se pontuam os 8%, mas não os 92%. Ou seja, as campanhas de consumo consciente têm foco no consumo individual ou familiar, mas não se questionam os gastos de água pelo agronegócio, pelas indústrias e outros consumos.
De conformidade com dados da Agência Nacional de Água(ANA)-Superintendência de Regulação a situação dos açudes Curema, Mãe D’Água, Armando Ribeiro Gonçalves e Itans todos na bacia hidrográfica do rio Piancó-Piranhas-Açu estão hoje em situação piores que no mesmo período de 2014.
Seguem os comparativos dos volumes acumulados em abril/2014 e abril/2015 nos seguintes açudes:
485515_534212479997261_1749177481_n
Coremas
Volume em 16/04/2014: 206,07 hm³ (34,83%)
Volume em 17/04/2015: 124,32 hm³ (21,01%)
Situação em 2015: o volume do açude é 81,75 hm³ inferior ao mesmo período do ano anterior
POSTAGEM 2013
Mãe D’Água
Volume em 16/04/2014: 164,70 hm³ (29,00%)
Volume em 17/04/2015: 130,11 hm³ (22,91%)
Situação em 2015: o volume do açude é 34,59 hm³ inferior ao mesmo período do ano anterior
images
Armando Ribeiro Gonçalves
Volume em 17/04/2014: 963,08 hm³ (40,13%)
Volume em 17/04/2015: 730,52 hm³ (30,44%)
Situação em 2015: o volume do açude é 232,56 hm³ inferior ao mesmo período do ano anterior
Açude-Itans-2014
Itans
Volume em 20/04/2014: 16,29 hm³ (19,9%)
Volume em 20/04/2015: 7,18 hm³ (8,78%)
Situação em 2015: o volume do açude é 9,11 hm³ inferior ao mesmo período do ano anterior.
Estes dados ascendem o sinal vermelho para os governos e sociedade. Poderemos enfrenta um colapso no abastecimento d’água no Seridó. A explicação é uma só: Faltaram planejamento estratégico na gestão integrada e compartilhada dos recursos hídricos, e os investimentos necessários em obras estruturantes e permanentes. Há também mau gerenciamento dos recursos hídricos pelo poder público em todas as esferas de atuação.
A gestão das águas no estado representa um desafio a ser enfrentado. E preciso que, tratando-se de fator escasso na Região, a água seja administrada de forma participativa, democrática, eficiente e eficaz. Assegurar que a água esteja disponível para as diferentes formas de consumo implica viabilizar investimentos de distintas naturezas e, sobretudo, gerenciar cuidadosamente sua oferta e o uso. Isso se torna mais complexo diante da realidade climática da Região e dos vários interesses que envolvem desde as instancias de governo ate as diversas categorias de usuários.
Atenciosamente,
Engº Agrº José Procópio de Lucena
Articulador Estadual do Seapac e Presidente  do Comitê da Bacia Hidrográfica do  Piancó-Piranhas- Açu.


Fonte: Marcos Dantas

Nenhum comentário:

Postar um comentário