A prisão do Lula
No jogo de xadrez vence a partida quem dá o xeque mate. Significa que o jogo somente acaba com a queda do rei. A comparação pode parecer bem pueril, mas esse é o cenário montado pela Operação Lava Jato. Depois da prisão de empreiteiros, executivos e do principal marqueteiro das campanhas do PT, a investigação entra agora em nova fase. Cresce a expectativa em torno da decisão sobre a prisão ou não do ex-presidente Lula. Imprevisível estimar quando e como a justiça decidirá. Mas é fato que condições reais ou artificiais para o desfecho estão sendo construídas de forma lenta e gradual. Quebra de sigilo fiscal e de comunicação, rastreamento de ativos financeiros, delações premiadas e provas técnicas estão sendo reunidas. Pelo grande impacto junto à opinião pública, a prisão do ex-presidente sempre foi tratada com muita parcimônia (aliás, esse termo é de gente da Polícia Federal), mas esteve em todos os momentos ao alcance do radar da Operação Lava Jato. Após dois anos de extenso e intenso trabalho, os investigadores consideram que já acumularam munição suficiente para o golpe final. Comenta-se que o juiz Sergio Moro já estaria convencido da necessidade e oportunidade da prisão. Fala-se também que os tribunais já estariam sendo sondados para respaldarem a decisão. Embora seja fácil justificar juridicamente a prisão, difícil será convencer a grande maioria da população. Como indicam as recentes pesquisas, o ex-presidente continua gozando de alto respaldo popular. Segundo pesquisa do Datafolha, Lula é o melhor presidente da história para 37% dos brasileiros. Na simulação para a eleição presidencial de 2018, Lula tem 20% do eleitorado, ficando em segundo lugar, atrás apenas de Aécio Neves, com 24%. Esses números revelam que os brasileiros atribuem ao ex-presidente Lula as grandes conquistas sociais e econômicas obtidas recentemente, que teriam transformado o Brasil em um país mais justo e menos desigual. Por isso mesmo, embora seja fácil justificar juridicamente a prisão, difícil ou quase impossível será convencer os brasileiros sobre a necessidade, conveniência e justiça de encarcerar o ex-presidente Lula. Isso porque, mesmo acuado por tantas suspeitas de malfeitorias que lhe atribuem, ele continua bem avaliado na opinião pública.AZ.
( Paulo Lacerda - Facebook).
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