segunda-feira, junho 30

A VERDADEIRA CORAGEM NÃO PEDE LICENÇA


No coração do Sul Segregado da década de 1950, dois irmãos - Carl e Ronald McNair - caminhavam juntos, lado a lado, como se fossem um só. Com apenas dez meses de diferença entre si, cresceram inseparáveis em Lake City, Carolina do Sul. Compartilhavam brincadeiras, descobertas...sonhos. Sonhos grandes demais para o tempo em que viviam - e para a cor da pele que carregavam.

Numa tarde quente de 1959, Ronald, com apenas nove anos, entrou na biblioteca pública da cidade. Procurava livros de ciências - obras muito além do que qualquer criança da sua idade, e certamente de sua condição social, ousaria buscar. Carl estava ao seu lado. Mas o silêncio foi rompido pela frieza de uma funcionária. " Esta biblioteca não é para gente de sua cor." Ronald, sereno não se abalou. Depositou os livros no balcão, sentou-se calmamente e disse: " Eu vou esper."

A polícia foi chamada. A mãe dos meninos também. E naquele dia, diante de um garoto inabalável e de uma mãe firme, algo raro aconteceu: Ronald levou os livros para casa. Saiu dali não apenas com páginas emprestadas, mas com um princípio que guiaria toda a sua vida - o de coragem, quando é verdadeira, não se curva diante de proibições injustas.

Ronald McNair nunca mais parou. Formou-se doutor em física pelo MIT em 1976, superando todas as barreiras impostas pela sociedade e desafiando os limites do possível. Pouco tempo depois, foi aceito na NASA. Como seu irmão diria mais tarde: " Ron não aceitava os limites que os outros impunham. Isso era para os fracos, não para ele.

Em 1984, Ronald tornou-se o segundo afro-americano a ir ao espaço. A bordo do ônibus espacial Challeger, ele não era apenas um astronauta - era um símbolo. Um especialista de missão. Um cientista entre as estrelas. Um menino negro que se recusou a recuar.

Mas no dia 28 de janeiro de 1986, apenas 73 segundos após a descolagem, o Challenger explodiu. Ronald McNair tinha 35 anos. Seu corpo nunca voltou a terra. Mas sua história, sua coragem e sua luz atravessaram a atmosfera. Porque ele já havia alcançado o que muitos acreditavam ser inalcansavel.

Hoje sua memória nos lembra de algo profundo e eterno: a verdadeira coragem não pede licença. Ela entra, senta-se e espera - e muda ao seu redor.

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