sexta-feira, dezembro 20

PROJETO PROPÕE DESVIO NA BR-226, NO SERIDÓ, PARA EXPLORAR MINA DE OURO

 


O Projeto Borborema, em Currais Novos, no Rio Grande do Norte, liderado pela mineradora canadense Aura Minerals, é considerado um marco na mineração do Estado. O empreendimento envolve investimentos iniciais de US$ 188 milhões, com potencial de faturamento bilionário. A mina é projetada para extrair 83 mil onças de ouro anuais nos primeiros três anos, mas os números podem crescer. No entanto, o projeto enfrenta um obstáculo: o traçado da BR-226 atravessa uma área onde foi identificado um grande depósito de ouro. A empresa busca autorização do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que analisa um projeto para fazer um desvio na rodovia.


A autarquia disse à reportagem da TRIBUNA DO NORTE que a empresa apresentou o projeto para um novo traçado para a BR-226, com 5,30 quilômetros de extensão. “Atualmente está na fase de projeto. A empresa apresentou o projeto básico, que está sendo analisado por esta autarquia. Posteriormente, será apresentado o projeto executivo. Após aprovado, as obras de implantação da variante poderão ser iniciadas, após processo administrativo de alteração do segmento no Sistema Nacional de Viação (SNV)”, disse em nota.

Estima-se que o desvio da rodovia permitirá a exploração de reservas que dobrariam a capacidade de produção da mina, alcançando 1,6 milhão de onças em dez anos. O CEO da Aura Minerals, Rodrigo Barbosa, explicou a importância desse projeto em entrevista ao portal NeoFeed: “Se conseguirmos liberar a estrada, a gente sobe automaticamente das 815 mil onças para 1,6 milhão de onças, o que vai dobrar essa operação”. Segundo ele, o investimento para o desvio está orçado entre US$ 6 milhões e US$ 8 milhões, a serem financiados pela própria mineradora.

Sílvio Torquato, titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec), diz que o Governo do Estado trabalha na articulação junto ao DNIT para atender ao pleito da empresa. “Desde 2013 que eles deram entrada nesse pedido no DNIT. Eles já são beneficiários do Proedi desde 2019, quando a governadora Fátima assumiu. Nós estivemos lá, fizemos a inauguração do canteiro de obras e eles começaram a implantação em 2019. De lá para cá eles vêm em construção. Inclusive, a todo momento estamos tendo a reuniões com eles. Eles [Aura] vêm aqui para uma reunião”, explicou.

A dimensão do Projeto Borborema vai além dos números massivos de produção de ouro. Atualmente, cerca de mil trabalhadores estão empregados na construção da mina, e há previsão de que, caso a ampliação ocorra, os postos aumentem. “Eles têm uma previsão de faturamento para os próximos 10 anos altíssimo, na casa dos bilhões. O negócio é literalmente uma mina de ouro. É realidade hoje, eles já estão empregando na obra mil pessoas e vão investir perto de R$ 1 bilhão”, comenta Sílvio Torquato.

O ouro, agora prestes a entrar na pauta econômica potiguar, posiciona o estado como um ator relevante na mineração nacional. A ampliação da unidade de processamento, prevista para ocorrer com o desvio da rodovia, eleva ainda mais as expectativas. Projetada inicialmente para processar 2 milhões de toneladas de material por ano, a planta deve ser adaptada para lidar com um volume de 3,5 milhões de toneladas. “É uma coisa que muda o cenário econômico do Rio Grande do Norte, porque dentro de breve nós teremos na nossa matriz mais um produto que será produzido no Estado, que é o ouro”, acrescenta Torquato.

A mina Borborema
 
A mina Borborema está situada na Província Borborema, uma região reconhecida pela riqueza mineral. O depósito de ouro, classificado como orogênico, apresenta mineralização consistente, com veios de quartzo e sulfetos disseminados que garantem recuperações de ouro superiores a 92%. Com profundidade projetada de até 300 metros, a operação será realizada a céu aberto, mas há indícios de que a zona mineralizada se estende em profundidade, abrindo possibilidade para uma futura exploração subterrânea.

Estudos de sondagem realizados em 104.500 metros confirmam a continuidade do corpo mineral, que se estende por cerca de 3,5 quilômetros. Segundo especialistas, isso reduz significativamente os riscos do projeto e amplia seu horizonte operacional. Além disso, a infraestrutura da mina foi desenhada para minimizar impactos ambientais. O reaproveitamento de água e o baixo consumo de reagentes no circuito de processamento CIL (Carbon-in-Leach) destacam o compromisso da Aura Minerals com práticas sustentáveis.

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