sexta-feira, novembro 8

Indústria de criptomoedas gastou mais de US$ 130 mi nas eleições dos EUA, e investimento deu retorno

 

Getty Images via AFP

Envolvido em uma disputa acirrada pelo Senado dos Estados Unidos em Ohio, o candidato republicano Bernie Moreno recebeu um grande impulso nas semanas que antecederam a eleição: US$ 40 milhões da indústria de criptomoedas.

O dinheiro, que financiou anúncios veiculados em todo o estado, foi o esforço mais ambicioso em uma audaciosa campanha multiestratal de empresas de criptomoedas para influenciar dezenas de disputas. Na terça-feira (5), esse esforço foi recompensado quando Moreno, um entusiasta de criptomoedas de longa data, derrotou o senador Sherrod Brown, um democrata que preside o influente Comitê Bancário do Senado e que pediu uma supervisão rigorosa das empresas de criptomoedas.

“O exército das criptomoedas está atacando”, comemorou Tyler Winklevoss, executivo do setor, nas redes sociais. Um porta-voz do principal super comitê de ação política de criptomoedas divulgou os resultados de Ohio em um e-mail com o assunto: “A grande aposta das criptomoedas valeu a pena.”

A indústria de criptomoedas tratou a eleição deste ano como um momento crucial, gastando dezenas de milhões de dólares para apoiar candidatos que favoreciam regulamentações mais brandas. Um super PAC chamado Fairshake e duas organizações relacionadas, Protect Progress e Defend American Jobs, gastaram um total de cerca de US$ 135 milhões, financiados por doações das empresas de criptomoedas Coinbase e Ripple e da firma de capital de risco Andreessen Horowitz, que apoiou mais de 100 startups de criptomoedas.

O esforço representou uma das campanhas de gastos corporativos mais agressivas na história política moderna, disseram especialistas. E parece ter dado um retorno significativo.

Um rastreador administrado pelo Stand With Crypto, grupo da indústria que avalia políticos, disse que 253 candidatos pró-criptomoedas foram eleitos para a Câmara na terça (5), em comparação com 115 candidatos anti-criptomoedas. No Senado, 16 candidatos pró-criptomoedas e 12 candidatos anti-criptomoedas foram eleitos, segundo o rastreador.

Fairshake e suas organizações relacionadas investiram dinheiro em mais de 50 disputas congressionais decididas na terça. Além de Moreno, candidatos pró-criptomoedas apoiados pelos PACs venceram eleições no Arizona, Indiana, Maryland, Missouri e outros estados. À medida que os resultados chegavam, o preço do bitcoin disparou para um recorde de mais de US$ 75.000.

“A mensagem mais importante da noite passada é que as criptomoedas venceram”, disse Paul Grewal, diretor jurídico da Coinbase. “Agora temos o Congresso mais pró-criptomoedas da história.”

Nenhum dos PACs de criptomoedas contribuiu para um candidato presidencial. Mas seus gastos transformaram um conjunto de questões de nicho em um ponto de discussão importante na campanha, elevando a indústria de longo histórico de fraudes, golpes e danos ao consumidor.

A administração Biden passou anos perseguindo empresas de criptomoedas por violações das leis de valores mobiliários. O presidente eleito Donald Trump prometeu acabar com essa repressão e fazer dos EUA “a capital das criptomoedas do planeta”. Antes um cético declarado das criptomoedas, ele apareceu em uma conferência de bitcoin em Nashville, Tennessee, neste verão e até começou seu próprio negócio de criptomoedas.

A chegada de novas vozes pró-criptomoedas no Congresso poderia oferecer à indústria um caminho para aprovar legislação que enfraqueceria a Comissão de Valores Mobiliários, a agência federal que mais agressivamente perseguiu empresas de cripto nos tribunais. Mesmo legisladores que não estavam na cédula este ano podem estar menos dispostos a se opor aos interesses da indústria depois que ela mostrou seu poder de arrecadação de fundos.

Os gastos alarmaram grupos que combatem a influência do dinheiro na política. Em um relatório neste verão, o grupo de consumidores sem fins lucrativos Public Citizen disse que o desembolso da indústria de criptomoedas estava “corrompendo nosso processo político.”

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Folha de São Paulo

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