MACHADO DE ASSIS - MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, destacou-se como romancista, contista e cronista, além de ter sido um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Sua obra é celebrada por sua perspicácia psicológica, ironia afiada e habilidade de explorar a complexidade da alma humana.
" Memórias póstumas de Brás Cubas," publicado em 1881, é um dos seus romances mais célebres. Narrado por Brás Cubas após sua morte, oferece uma visão crítica e satírica da sociedade brasileira do século XIX. Com humor mordaz e tom filosófico, aborda temas como a futilidade da vida e da hipocrisia social, distanciando-se pela originalidade e profundidade.
Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo que passava de mim, flagelos e delícias - Desde essa coisa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a colera que inflama, a inveja que baba, e a pena e a enxada, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo como um farrapo. Eram as formas várias de um mal que ora mordia a vissera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor seguia alguma vez, mas cedia a indiferença que era um sono sem sonhar, ou ao prazer, que era uma dor bastarda."
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