Clientes também são "caixas" ao comprar produtos de fazenda e obras de arte
ANA SELMA GALVÃO DESTACA SUCESSO DO MÉTODO DE AUTO-ATENDIMENTO COM TRÊS PONTOS DE EXPOSIÇÃO DE SUAS ARTES - FOTO: CEDIDA
A artista Ana Selma Galvão atende a ligação da reportagem com uma voz difícil de ser ouvida. O sinal de telefone não é dos melhores em Pium, mas foi “no meio do mato” onde onde a mossoroense escolheu morar para sossegar. Mesmo afastada da vida corrida da capital, ela mantém duas lojas em um shopping da zona Sul de Natal onde vende as artes que produz. O segredo para manter a vida bucólica a 17 quilômetros da exposição é contar com a honestidade dos clientes no auto-atendimento.
Assim como Selma, Marinho de Sousa Neto confia na honestidade dos visitantes da Central de Agricultura Familiar (Cecafes), onde deixa os produtos da Fazenda Caju — como queijos, manteiga da terra, doce de leite, cocadas, farofa e creme de café à disposição –, sem vendedor ou funcionários, para que os clientes peguem e paguem os produtos por iniciativa própria.
Box da Fazenda Caju na Cecafes não tem vendedor. Cliente é o próprio caixa – Foto: Arquivo Pessoal
Selma conta que por anos teve uma loja em um hotel de Natal. No entanto, após a venda da hospedaria, deixou o ponto e foi convidada para abrir no Praia Shopping, em Ponta Negra. Com a necessidade de viver no bairro litorâneo da cidade vizinha, Parnamirim, ela optou por manter a galeria com o auto-atendimento, modelo que funciona desde que maio de 2016.
“Vou ao shopping apenas uma vez ao dia, antes de abrir, para aguar e cuidar das plantas, recolher os pagamentos do dia anterior e fazer o inventário dos itens”, conta a artista. “Posso realizar outros projetos em casa sem ficar 12 horas por dia dentro de uma loja”, ressalta.
Já Marinho conta que não teve outra opção. Desde fevereiro deste ano ele mantém o box de auto-atendimento na Central. “Na Cecafes tem pouco movimento, então não conseguimos pagar uma pessoa para ficar lá e não podemos ficar, já que precisamos cuidar da Fazenda, da produção”, conta.
O fazendeiro explica que cada produto tem um preço e o cliente é, também, o caixa. “O cliente pega o que quer e transfere valor referente para uma conta ou coloca na caixinha. Para que tenhamos um melhor controle pedimos para que preencham uma caderneta com nome, telefone, produtos comprados, valor da compra e forma de pagamento”, explica. Selma segue modelo parecido. Os itens ficam dispostos com etiqueta e o cliente pode depositar a quantia na caixa.
Selma expõe quadros, ‘letterings’ e plantas para serem vendidos – Foto: Cedida
O modelo é bem-sucedido para ambos. Ana Selma conta que, além das duas galerias do Praia Shopping — a segunda foi aberta para o Dia das Mães e se manteve com o sucesso — ela tem outro espaço, mais perto de casa, em Pium. Marinho revela que, por dia, vende cerca de R$ 100 com o auto-atendimento, além de indicar “muito” o método.
Os dois também relatam que já teve quem levasse produtos sem pagar, mas a quantia não impactou os negócios. “O valor é irrisório, principalmente se formos pensar no custo de um funcionário. Entretanto, sabemos que perdemos vendas por termos adotado esse método”, destaca Marinho.
“1. Curtiu?” “2. Não temos vendedor” “3. Pegue sua arte, coloque a etiqueta com o valor em espécie dentro do envelope” “4. Agora só depositar na urna” – Foto: Cedida
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