domingo, janeiro 6

Prosa do Domingo

O fascismo de cada lado.
O fascismo não é uma doutrina ideológica cristalizada numa das pontas da Rosa dos Ventos. É sim uma atitude comportamental que se agrega em qualquer ideologia. Seja à direita, à esquerda, ao Leste, ao Oeste, ao Norte ou ao Sul.
Hitler e Mussolini encarnavam o fascismo. Stalin e Tito também. Franco e Salazar eram fascistas. Mao-Tsé Tung e Brejnev também. Portanto, o fascismo não é uma ideologia, e sim um componente de caráter que se aboleta em qualquer lado do embate político, ideologizado ou não.
Getúlio Vargas e o Estado Novo estabeleceram uma forma de poder constitucionalmente fascista. A Carta de Chico Ciência, que dele foi dito, “Quando as luzes de Chico Campos se acendem, apagam-se as luzes da democracia”, copiou em princípios e textos o ideário do neo fascismo polonês e do fascismo italiano.
Getúlio, de pendores fascistas, apoiou o fascismo na guerra? Não. Aliou-se aos que derrotaram o Eixo. Seu fascismo era de atitude, de conveniência, para garantir o centralismo do poder, o personalismo e o controle ditatorial do Estado.
O fascismo se exerce em todos os níveis. No poder do Estado, de uma associação, num clube, num time, numa igreja, numa autarquia, e até numa casa. Um pai fascista ou uma mãe fascista.
A República do Brasil nasceu de um golpe, que teve componentes de todas as matizes e naturezas. Até um chifre que uma namorada de Deodoro da Fonseca lhe pôs com Silveira Martins teve papel relevante. Quanto à feição doutrinária, essa República nasce no estuário do positivismo.
O positivismo é uma doutrina preparatória do fascismo. Próceres do movimento republicano pregavam e militavam sob a orientação do ideário criado por Augusto Comte. Dentre eles, destacava-se o coronel Benjamim Constant.
Prima essa doutrina pelo centralismo do poder, disciplina rígida, controle dos costumes, ordem e comando sob determinação hierárquica, encarnada na figura do líder. É ou não é o pré-fascismo? Liberdade, nesse estuário, só por concessão. E não um direito inalienável do indivíduo.
O antissemitismo é fascista. O sionismo também. Toda forma de racismo é fascista. Os alemães, da era nazista, tinham sobre os judeus a mesma opinião que tinham os russos, da era soviética.
O governo atual fala em escoimar o fascismo da legislação trabalhista, mas promete aprofundar o fascismo em matéria de costumes. É apenas um remanejamento do fascismo. Resta saber, e o tempo dirá, onde o fascismo é mais nefasto. Té mais.
 Por François Silvestre
ADENDO DO BLOG:
Ricardo Stuckert ! Brasil de Fato
Conhecendo bem a estirpe do conhecimento revolucionário do escritor Françoise Silvestre, com quem convivi alguns anos na casa do estudante de Natal, neste artigo,  popou o ex-presidente Lula, talvez, por considerá-lo, apenas um translúcido populista.

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