quinta-feira, janeiro 10

ATRASO NOS SALÁRIOS - O drama de aposentada do Estado: ‘Depois de velha, tenho que pedir ajuda à minha mãe’

Servidora aposentada tem dificuldades financeiras por atraso de pagamentos
MARIA GORETE DE MEDEIROS, APOSENTADA - FOTO: ENDY MAHARA/PORTAL NOAR
Aos 62 anos de idade, Maria Gorete de Medeiros pede ajuda à mãe, que tem 86, para pagar as contas de casa. Ela é funcionária aposentada do Hospital Walfredo Gurgel, onde trabalhou durante 32 anos, e ainda não recebeu os salários de novembro e dezembro de 2018, nem os décimos terceiros de 2018 e 2017.
“Já cortaram duas vezes minha água e minha luz”, comenta sobre as dificuldades financeiras enfrentadas devido os atrasos no repasse de salários dos servidores públicos pelo Governo do Rio Grande do Norte.
“Lá vou eu para a casa da minha mãe. Depois de eu estar velha, minha mãe está pagando minhas contas para eu não viver no escuro. Para mim, isso é uma tristeza”, continua a aposentada.
“Pensava que iria me aposentar e viver em paz, mas, não. Estou em um sufoco grande”, conclui.
O caso de Maria Gorete não é isolado. Como ela mesma comenta, “muitas colegas choram por não ter o que dar de comer em casa”.
Diante de situações como essa, os servidores do Walfredo Gurgel realizam um protesto em frente ao hospital nesta quinta-feira (11), o chamado “Apagão”.
Recepcionistas do Walfredo Gurgel, Francisco Brito e Josenildo Pereira estavam trabalhando durante as manifestações dos servidores na frente do hospital. “Não podemos deixar os pacientes sem atendimento, pois é questão de vida. E eles estão recebendo toda assistência necessária”, afirma Brito.
Mesmo assim, os dois apoiam a causa. “Não podemos paralisar completamente. É a lei. Mesmo assim, estamos nos revezando com os outros colegas para participar, também”, explica Pereira.
“Não tem ninguém aqui que não apoie o movimento. Não podemos deixar os pacientes sem atendimento, pois é questão de vida, mas estamos todos indignados com a situação”, completa Brito.
Para Maria do Carmo, que acompanhava o marido na recepção do pronto socorro, a causa é válida. “Eu acho que eles estão no direito deles, mas a gente que não tem muito a ver”, afirmou enquanto esperava o atendimento do companheiro.
Motivações
Henrique Eduardo Silva, auxiliar de enfermagem – Foto: Endy Mahara/Portal NoAr
Henrique Eduardo Silva, auxiliar de enfermagem no Walfredo Gurgel, aponta que a questão financeira não é a única causa dos protestos. “Não é só a questão dos atrasos, mas, também, da qualidade no atendimento ao paciente. Temos problema de falta de insumos e medicamentos”, afirma.
“As condições de trabalho também são uma questão. Nós trabalhamos com 11 a 12 pacientes por profissional. Quando entrei aqui, era na média de 4 a 5 pacientes”, ele explica.

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