quinta-feira, junho 30

CONFISSÕES DE UM PECADOR



Confesso que vivi 17 anos, depois da morte do meu estimado pai Inácio Lacerda, a mais insuportável dor, com a morte simultânea de meu irmão Arnóbio e mamãe Joaquina. no pequeno intervalo de 5 dias de um óbito para o outro.
Quis Deus na sua suprema divindade, fazer exercício de provação, levando numa mesma semana, dois entes queridos, pedaços do nosso corpo e sangue do nosso sangue, para servir nos seus domínios a sua generosa vontade. 
Não me rebelo a imensurável perda, no entanto, não posso afirmar para ninguém, que suas partidas fossem algo que desejássemos, mesmo sabendo, que tudo foi designado por Deus.
Resta nos agradecer por todos os momentos bons e ruins, que a vida nos concedeu, pedindo sua intercessão para que nos alente e nos conforme, poupando nossos familiares de tamanha aflição. 
Rogo sua benevolência, para que não aconteça comigo, o que mamãe na sua falta de lucidez presenciou aos 98 anos, sem saber cristalinamente o que aconteceu no último domingo, vendo o caixão de seu filho sair para o cemitério. 
Rogo para que  ocorra comigo a  trajetória vivenciada por papai, falecendo, sem participar do sepultamento de um filho. 
Feito estas ponderações, preciso externar alguns agradecimentos: aos que nos confortaram com sua presença, vindo ao velório e sepultamento de meu mano e de mamãe. 
Agradecer aos que manifestaram atenção, apreço e amizade, usando variadas formas de comunicação. 
São nas horas de agonia, de adversidades, que sabemos, quem são os verdadeiros amigos.
Foram muitos que se irmanaram no sentimento solidário de pesar e consternação, gente próxima e distante, cada um procurando nos confortar. 
Sem esquecer ou cobrar nada daqueles, que se tornaram indiferentes a nossa dor.
Agradecer finalmente aos que vieram repetir a sua presença, vindo domingo sepultar Arnóbio, vindo hoje, levar o esquife da minha eterna guerreira (Joaquina), para sua morada final.
Agradecer preces e orações feitas na sua passagem, assistindo a celebração litúrgica na matriz de Santa Luzia, antes do corpo de cada um baixar ao jazigo em que papai há 17 anos ficou a esperar. 
Agradecer aos artistas que suavizaram o momento de dor, sofrimento e angústia dos nossos familiares, tocando a música Pavão "Misterioso" canção preferida de mamãe. 
Agradecer a bela interpretação com a sonora voz de um ator rouxinol, cantando a valsa "Despedida do Adeus" como sinal de alegria para que tudo passe  e a vida continue.

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