Homens negros têm três vezes mais chances de morrerem por disparos de armas de fogo do que homens brancos, revelou o relatório “Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”, divulgado nesta terça-feira (20) pelo Instituto Sou da Paz. O estudo, baseado em dados do Ministério da Saúde, mostra que entre 2012 e 2022, 79% das vítimas de homicídio do sexo masculino eram negras.
No período analisado, cerca de 38 mil homens foram mortos por armas de fogo, sendo jovens de 20 a 29 anos os mais afetados (43% dos casos). A região Nordeste lidera os índices de violência, com 57,9 mortes por 100 mil homens, seguida pelo Norte (49,1).
O estudo destaca também a prevalência das mortes em vias públicas, que representam 50% dos casos, reforçando a sensação de insegurança da população. Em conflitos armados não letais, a desigualdade racial permanece evidente, com 80% das vítimas sendo homens negros, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Cristina Neme, coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, afirma que a maior vulnerabilidade social da população negra está diretamente ligada a esses índices alarmantes. “A vitimização por violência impacta profundamente o acesso à educação e outras oportunidades, agravando as desigualdades sociais nas periferias das grandes cidades.”
O relatório ainda aponta uma mudança no perfil geográfico das ocorrências: municípios pequenos e médios, com até 500 mil habitantes, concentram 60% das mortes por armas de fogo, superando as grandes cidades no ranking da violência armada.
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