segunda-feira, janeiro 27

FALTA IMAGINAÇÃO AO GOVERNO DO PT





Carlos Chagas
No fim de semana que passou diversas capitais do país abrigaram manifestações de protesto contra o gastos públicos efetuados para preparar e realizar  a  Copa do Mundo de futebol, em detrimento do uso de recursos para educação e saúde. Na maioria das passeatas houve abuso , até queima de ônibus, carros e pneus em avenidas e praças. O cidadão comum viu-se submetido a constrangimentos, imprensado entre os manifestantes e a polícia, como sempre ávida de arremessar bombas de gás lacrimogêneo, felizmente enfrentando escassez de balas de borracha.
A ninguém será dado rotular de injustos os protestos,  apesar de impertinentes por conta da baderna em via pública. Razões aos montes detém quantos denunciam os gastos do governo para financiar atividades não propriamente sociais, além das tradicionais roubalheiras verificadas na construção ou ampliação dos estádios.  O desgaste da autoridade fica evidente.
Em suma,  ninguém pode ser contra a realização do maior certame esportivo do planeta, em especial no país que mais se tem destacado em sua prática. Mas ninguém pode ser a favor do empenho de tantos recursos que poderiam servir para minorar as agruras nos serviços públicos de saúde e educação,  carentes sob todos os aspectos.
Tem solução? Tem, já referida aqui. Uma utilização paralela desses elefantes brancos que funcionam apenas nos fins de semana e que, de vez em quando, tem seus gramados depredados pela realização de shows benéficos apenas para seus promotores.  Por que o governo não aproveita os estádios para transformá-los, também, em escolas, universidades, centros de estudo e postos de saúde?  Espaço não falta, salas e salões poderiam facilmente ser adaptados para aulas e primeiros atendimentos. Dirão os ranhetas que seria o poder público despejar mais dinheiro nas adaptações, mas mesmo se fosse assim, valeria à pena pelo fenômeno da multiplicação do ensino e da saúde.
Só que não precisa ser assim. Basta imaginação: por que não convocar a sempre privilegiada iniciativa  privada para atuar?  Numa época em que o ensino privado sofre críticas generalizadas por estar se transformando numa arapuca, sumidouro de dinheiro das famílias recebido em troca de diplomas nem sempre honestos, por que, sob rígida fiscalização, não oferecer parceria aos grupos e conglomerados empenhados nessa atividade?  Até mesmo levando os contestados planos de saúde a gerir postos de consulta às multidões aglomeradas nos pátios dos hospitais públicos?
Difícil não seria, principalmente num ano eleitoral. Não dá para esquecer a iniciativa de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro ao construir o Sambódromo adaptado a dezenas de salas de aula, conseguindo abrigar o Carnaval, no seu período específico,  servindo também a milhares de crianças do ensino primário e médio, durante o ano inteiro.  Sem falar na abertura de mais empregos para professores e auxiliares.
Falta imaginação ao governo do PT. Uma  iniciativa  desse porte, se anunciada, faria refluir os protestos contra  gastos supérfluos. Engenheiros não faltarão para elaborar  planos e projetos em condições de rápida implementação. Até sobrariam grupos econômicos ligados ao ensino e à saúde prontos para aumentar seu faturamento, claro que sob a vigilância férrea do poder público.

Fonte: Tribuna da Internet

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