quinta-feira, junho 19

Lula decide manter chefe da Abin mesmo após indiciamento pela PF


Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Côrrea, no cargo mesmo após seu indiciamento pela Polícia Federal. De acordo com auxiliares, Lula avaliou que apenas o indiciamento de Côrrea não era motivo suficiente para substituí-lo. Segundo esses interlocutores, o andamento do processo será acompanhado pelo Palácio do Planalto a partir de agora.

A investigação da Polícia Federal apontou que Côrrea e integrantes da sua gestão colocaram obstáculos ao avanço das investigações do caso Abin Paralela.

Lula tratou sobre a permanência de Côrrea na chefia da Abin na tarde desta quarta-feira ao receber o ministro da Casa Civil, Rui Costa no Palácio da Alvorada. Antes disso, Rui Costa já havia conversado por telefone Luiz Fernando Côrrea. Na ligação, segundo interlocutores de ambos, Rui Costa passou uma mensagem tranquilizadora a Côrrea sobre seu futuro no governo, embora ambos não tenham tratado diretamente sobre a permanência dele no cargo.

Antes mesmo da chancela de Lula, no Palácio do Planalto, a avaliação predominante já era de que não havia ambiente para troca no comando da agência neste momento. Também pontuam que Lula costuma aguardar a denúncia na Procuradoria-Geral da República para afastar auxiliares diretos, como fez com o ex-ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no caso envolvendo suspeita de desvio de emendas parlamentares.

Auxiliares de Lula afirmam que o presidente vê uma guerra corporativista tanto da PF quanto da Abin em relação ao caso. No entorno de Lula, a situação também é vista como mais uma disputa de narrativas entre as duas instituições. Nesse cenário, pontuam, Lula costuma ponderar as informações que são divulgadas.

Côrrea é homem de confiança de Lula e tem uma relação histórica com o presidente. No primeiro governo do petista (2003-2006), o atual chefe da Abin, que é delegado da PF, implantou e comandou a Força Nacional de Segurança. No segundo mandato (2007-2010), foi diretor-geral da Polícia Federal. Ao escolher Corrêa para comandar a Abin no começo do governo, Lula deu carta branca para ele reformular o órgão e solicitou que a mudança tornasse o fluxo de informações de inteligência mais ágil. A ideia era que a estrutura que se reportasse diretamente ao gabinete presidencial, sem passar por filtro em ministérios.

O pano de fundo político do desgaste da Abin também tem entre seus elementos a disputa de protagonismo entre Côrrea e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, junto ao círculo mais próximo que repassa informações estratégicas para Lula.

O Globo

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