O sinal de alerta, bem vermelhinho como o Partido dos Trabalhadores, acendeu no partido e no governo da companheirada local. A alta rejeição à administração de Fátima Bezerra e a ela própria já não é uma aparição furtiva de apenas uma pesquisa de opinião.
Os índices desaprovando a governadora e o governo vão surgindo em diversas cidades do interior e ganhando uma musculatura em Natal que até supera a tradição do petismo em nunca ter vencido uma eleição para prefeito na capital potiguar.
E essa rejeição já não aparece em apenas uma ou duas pesquisas; mas vem se alastrando a cada nova aferição de institutos distintos. Na vizinha cidade de Parnamirim, por exemplo, Fátima Bezerra já amarga um índice negativo de mais de 60%, o que é terrível num ano em que a figura do governante exerce indispensável ressonância nas disputas municipais.
O quadro da rejeição à Fátima e ao seu governo expõe também uma espécie de ironia, posto que quando candidata ao governo pela primeira vez, em 2018, ela e seu partido fundaram as bases do discurso eleitoral explorando a rejeição do então governador Robinson Faria e o fraco desempenho do seu governo.
Já naquele momento, o PT e sua governadora faziam uma ladainha cínica como se não tivessem apoiado e participado da eleição e também da administração Robinson Faria.
Imaginem agora, quando os candidatos a prefeito nas 167 cidades do RN precisam discursar aos eleitores transformando críticas e fracassos do governo Fátima em votos, como ficarão os candidatos petistas e seus acólitos de outros partidos?
Com que cara os candidatos da federação centro-esquerda pedirão votos debaixo do tradicional guarda-chuva do governo? Quem vai ter frieza política e deslize eleitoral de arriscar baixa votação defendendo a Fátima de hoje vestida no figurino da rejeição daquele Robinson de ontem?
Aqui em Natal, a deputada federal Natalia Bonavides terá um difícil papel a cumprir na sua campanha à sucessão de Álvaro Dias e um doloroso dever de achar bons motivos num governo que vai descendo, desembestado, as ladeiras da impopularidade.
Não à toa, quiçá “coincidência premeditada”, a pré-candidata que vem patinando nas pesquisas disputando a segunda posição contra o também deputado Paulinho Freire, está na mídia paga com uma peça publicitária enaltecendo seu mandato e colando sua imagem ao governo Lula.
As muitas inserções em redes sociais como o YouTube, sugerem uma versão do ditado “quem não tem cão, caça com gato”. Atirar no colo de Lula um destino eleitoral parece ser, na percepção do marketing de Natália, um risco menos corrosivo do que no colo de Fátima.
No momento conjuntural nada satisfatório para as administrações de esquerda no país, onde os altos preços enforcam a economia popular e a ausência de obras marca o governo do PT local, nem o cachorro morde e nem o gato arranha. Por mais fashion sejam as unhas e por mais expostos sejam os dentes.
Por Alex Medeiros (Jornalista)
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