Em recurso apresentado ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), a primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, diz que a revista IstoÉ a retratou de forma "machista" no texto "O esforço de Bolsonaro para vigiar a mulher de perto", publicado em fevereiro de 2020. As informações são da coluna de Rogério Gentile no UOL.

A primeira-dama afirma que a revista insinuou que ela estaria tendo um caso extraconjugal com o então ministro da Cidadania Osmar Terra e cobra uma indenização no valor de R$ 100 mil, bem uma como retratação pública.

"[Os jornalistas] pautaram-se em informações mentirosas sobre suposto desconforto no casamento e construíram uma plêiade de conteúdo raso para disseminar a ideia de que a primeira-dama teria sido infiel a seu marido", disse o advogado de Michelle, Fabio Kadi, à Justiça. "Nitidamente se portaram de maneira machista, como se a primeira-dama fosse um objeto ou coisa a ser 'vigiada' por alguém", continuou.

Michelle ainda cita no recurso que a jornalista Vera Magalhães, âncora do Roda Viva, programa da TV Cultura, "ferrenha nas críticas ao presidente", disse nas redes sociais que "as insinuações" acerca da primeira-dama são "nojentas" e "nem de longe se enquadram no que seja jornalismo."

O recurso tenta derrubar uma decisão da juíza Adriana Basso, da 3ª Vara Cível de São Paulo, que absolveu a revista em dezembro, considerando que a publicação estava "no limite da liberdade de imprensa e de informação".

A juíza afirma na sentença que a publicação não ofendeu "a honra, intimidade e a vida privada" da primeira-dama ao ponto se ensejar uma indenização, ainda que tenha considerado que a notícia tem um "ar de fofoca" e que o termo "vigia" dá uma "conotação de posse e propriedade da mulher".

A revista afirmou, na defesa que apresentou à Justiça, que não publicou "inverdades" e tampouco "qualquer insinuação de caso extraconjugal".

Considera que apenas "narrou questão pessoal da primeira-dama e do seu marido que tinham repercussão política e interesse público dadas as movimentações realizadas pelo presidente Bolsonaro na troca do ministro da Cidadania".

Quanto à acusação de machismo, disse que o uso da palavra "vigiar" no texto "falou apenas e tão somente da postura machista do presidente".

"Não há o que se corrigir, responder ou desagravar na nota publicada", disse a revista à Justiça.

Fonte: Rogério Gentile/UOL