Presidente da Câmara evita declarações; Senado prepara parecer pela rejeição

ouça este conteúdo
Por Cleber Lourenço
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fiador da chamada PEC da Bandidagem, desapareceu do debate público após aprovar a proposta no Plenário. Sua última declaração ocorreu na última sexta-feira (18), quando anunciou o deputado Paulinho da Força (Solidariedade) como relator do PL da anistia.
Desde então, Motta manteve silêncio absoluto. Não deu entrevistas, não publicou novas notas e tampouco falou à imprensa ou a interlocutores públicos. O silêncio permaneceu mesmo diante da pressão dos protestos que levaram milhares de pessoas às ruas em todas as capitais e em mais de 30 cidades. Em João Pessoa (PB) e Natal (RN), o deputado virou alvo direto de palavras de ordem. Em São Paulo, levantamento do Monitor do Debate Político do CEBRAP apontou mais de 40 mil pessoas reunidas na Avenida Paulista.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Para Alcolumbre, Motta armou bomba para o Senado
Enquanto isso, no Senado, a articulação da PEC segue a passos largos para enterrar a medida. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), encaminhou a PEC para a Comissão de Constituição e Justiça. O relator, Alessandro Vieira (MDB-SE), confirmou que apresentará na quarta-feira (24) um parecer contrário.
Senadores de diferentes partidos, como Eduardo Girão (Novo-CE), já anunciaram voto contra e classificaram a medida como indefensável. A postura de esquiva de Motta com o tema, inclusive, irritou senadores e gerou desconforto até mesmo em Alcolumbre, que passou a, nos bastidores, cobrar uma posição mais clara do presidente da Câmara. Na visão de Alcolumbre, Motta criou um problema para o Congresso e deixou a bomba para o Senado desarmar.
A pressão também parte da sociedade civil. O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) divulgou nota alertando que a PEC fragiliza a transparência e reintroduz o voto secreto em processos de responsabilização de parlamentares. Organizações que acompanharam os atos reforçaram essa crítica.
O silêncio de Motta contrasta com a intensidade da reação popular e política. Para além da defesa feita dias antes, a ausência de manifestações do presidente da Câmara amplia a percepção de que a PEC deve enfrentar forte resistência no Senado nesta semana e encontrar seu fim nos próximos dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário