segunda-feira, setembro 22

Hugo Motta some após atos contra PEC da Bandidagem 


Presidente da Câmara evita declarações; Senado prepara parecer pela rejeição 

Hugo Motta some após atos contra PEC da Bandidagem

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Por Cleber Lourenço

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fiador da chamada PEC da Bandidagem, desapareceu do debate público após aprovar a proposta no Plenário. Sua última declaração ocorreu na última sexta-feira (18), quando anunciou o deputado Paulinho da Força (Solidariedade) como relator do PL da anistia.

Desde então, Motta manteve silêncio absoluto. Não deu entrevistas, não publicou novas notas e tampouco falou à imprensa ou a interlocutores públicos. O silêncio permaneceu mesmo diante da pressão dos protestos que levaram milhares de pessoas às ruas em todas as capitais e em mais de 30 cidades. Em João Pessoa (PB) e Natal (RN), o deputado virou alvo direto de palavras de ordem. Em São Paulo, levantamento do Monitor do Debate Político do CEBRAP apontou mais de 40 mil pessoas reunidas na Avenida Paulista.

MottaO presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Para Alcolumbre, Motta armou bomba para o Senado

Enquanto isso, no Senado, a articulação da PEC segue a passos largos para enterrar a medida. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), encaminhou a PEC para a Comissão de Constituição e Justiça. O relator, Alessandro Vieira (MDB-SE), confirmou que apresentará na quarta-feira (24) um parecer contrário.

Senadores de diferentes partidos, como Eduardo Girão (Novo-CE), já anunciaram voto contra e classificaram a medida como indefensável. A postura de esquiva de Motta com o tema, inclusive, irritou senadores e gerou desconforto até mesmo em Alcolumbre, que passou a, nos bastidores, cobrar uma posição mais clara do presidente da Câmara. Na visão de Alcolumbre, Motta criou um problema para o Congresso e deixou a bomba para o Senado desarmar.

A pressão também parte da sociedade civil. O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) divulgou nota alertando que a PEC fragiliza a transparência e reintroduz o voto secreto em processos de responsabilização de parlamentares. Organizações que acompanharam os atos reforçaram essa crítica.

O silêncio de Motta contrasta com a intensidade da reação popular e política. Para além da defesa feita dias antes, a ausência de manifestações do presidente da Câmara amplia a percepção de que a PEC deve enfrentar forte resistência no Senado nesta semana e encontrar seu fim nos próximos dias.

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