O presidenciável do PT declarou que a conclusão do comitê da ONU o deixou com a "alma lavada". A lavagem da alma de Lula é sui generis, pois as condenações de Curitiba, referendadas em instâncias superiores, não foram substituídas por sentenças absolutórias.
Ao brindar Lula com a anulação dos veredictos que traziam digitais de Moro, o Supremo determinou que os processos fossem transferidos para Brasília, onde passariam pelo filtro de novos julgamentos. Sobreveio a prescrição dos crimes atribuídos ao pajé do PT: corrupção e lavagem de dinheiro. Junto com o esgotamento dos prazos legais para a persecução penal, surgiu a impunidade.
Há um quê de autocombustão na carbonização de Moro. A biografia do ex-juiz, agora um neopolítico em apuros, queima numa fogueira que ele próprio ajudou a acender ao se transferir da 13ª Vara de Curitiba para a equipe ministerial de Bolsonaro. A divulgação das mensagens trocadas por Moro com procuradores da Lava Jato no escurinho do Telegram jogou mais lenha no fogo.
Ressurge das cinzas o velho Brasil da imoralidade. Ironicamente, a fogueira não foi capaz de queimar delações e evidências materiais da indecência. A anulação em série de sentenças condenatórias produziu um fenômeno inusitado. Surgiu a corrupção sem corruptos. Abriu-se um debate que ultrapassa as fronteiras de Curitiba.
O que fazer com os delatores? Como desconhecer os R$ 6 bilhões recuperados pela Petrobras? Como apagar as fotos das malas de dinheiro apreendidas no apartamento do ex-ministro Geddel? Como sumir com o vídeo da corridinha de Rocha Loures, o ex-assessor de Temer, com a mala recheada de propina? Que destino dar à dinheirama enviada por Eduardo Cunha e figurões da Petrobras para a Suíça?
JOSIAS DE SOUZA
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