terça-feira, abril 8

TUDO, MENOS O SILÊNCIO 


Carlos Chagas
Inusitada não foi a notícia, numa revista semanal, de que a presidente Dilma padece de diverticulite, um mal que normalmente não chega a preocupar, dada a facilidade de ser debelado. Inusitado foi o comportamento da secretaria de Comunicação Social da presidência da República, por haver-se negado a comentar a informação. É dessas omissões que nascem os problemas.
A presidente Dilma tornou-se uma pessoa pública, daquelas sem direito à privacidade dos cidadãos normais. Como ela, muito mais gente, do Pelé a Gisele Bundchen e quantos mais? Divulgada a existência da diverticulite, caberia ao palácio do Planalto confirmar ou desmentir. A ser verdadeira a nota, caberia enfrentá-la, apesar do pouco risco que a doença desperta, nos tempos atuais.
Assim comportou-se o ministro Francklin Martins, quando ministro da Comunicação Social do Lula, diante da notícia de que a então chefe da Casa Civil e candidata presidencial, Dilma Rousseff, sofria de câncer linfático. Na mesma hora o experiente jornalista acompanhou a ministra ao Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde foi submetida a uma bateria de exames e a um rigoroso tratamento, resultando dele sua cura completa. O mesmo aconteceu com o Lula, já fora do poder, detectado um tumor em sua garganta. Ninguém escondeu nada e depois de alguns meses, informando diariamente sua situação à imprensa, o ex-presidente e seus médicos puderam anunciar um resultado feliz.
O que a gente estranha é o silêncio, como se fosse possível esconder a notícia da diverticulite, vale repetir, necessitando ser confirmada ou desmentida. Nos tempos da ditadura, engolia-se a reação dos detentores do governo com o célebre “nada a declarar”. Agora, não.
A presidente Dilma é candidata à reeleição. Em torno de seus percentuais de preferência do eleitorado debruçam-se as atenções gerais. Uma informação sobre sua saúde é essencial. Qualquer delonga por parte dos porta-vozes dá margem a suposições de toda espécie.

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