Foto: internet
O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), conhecido por seu discurso combativo contra a má gestão de recursos públicos, está no centro de uma polêmica envolvendo emendas parlamentares destinadas à pavimentação de ruas no Rio Grande do Norte.
Conforme divulgou o Portal O Potiguar, em uma série de reportagens publicadas na última semana, obras financiadas por ele, por meio do chamado “orçamento secreto”, viraram alvo de investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e críticas do Tribunal de Contas da União (TCU), devido à baixa qualidade do asfalto utilizado e à má priorização dos investimentos.
Emenda de R$ 26 milhões financiou obras de baixa qualidade
As denúncias começaram a ganhar corpo após a CGU identificar que recursos oriundos de uma emenda parlamentar apadrinhada por Styvenson foram usados em obras executadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A execução foi feita pela empresa Engefort, envolvida em investigações por formação de cartel e outros esquemas que causaram prejuízos bilionários aos cofres públicos.
A auditoria da CGU constatou que a Codevasf superfaturou o preço do asfalto utilizado em obras de dez Estados do País, incluindo o Rio Grande do Norte, não observando a espessura e a aderência do pavimento instalado.
Segundo a CGU, o asfalto aplicado em diversas ruas do interior potiguar apresentava falhas graves, como espessura inferior ao exigido por norma técnica, rachaduras precoces e baixa aderência — o que compromete a durabilidade da pavimentação.
Falta de prioridade e risco de desperdício
Um dos principais casos identificados ocorreu no município de Santa Cruz, onde, segundo relatório do TCU, ruas que já estavam pavimentadas com paralelepípedos foram recapeadas, enquanto vias sem qualquer infraestrutura continuaram negligenciadas. O órgão destacou “falta de priorização na aplicação dos recursos” e classificou a situação como um “potencial desperdício de dinheiro público”.
A emenda em questão, no valor de R$ 26,74 milhões, foi formalmente associada ao senador Styvenson por meio do ofício nº 225/2025, enviado à Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. Isso ocorreu após a entrada em vigor das novas regras de transparência que exigem a identificação dos autores das chamadas emendas do relator.
Discurso e prática em contradição
A polêmica tem gerado forte repercussão, especialmente pela imagem que o senador cultivou de defensor da boa governança. Nos últimos anos, Styvenson foi um dos principais críticos das obras de pavimentação executadas pelo governo estadual, denunciando supostas irregularidades e má qualidade do asfalto em obras do Executivo potiguar.
Agora, no entanto, vê-se em posição semelhante à daqueles que antes criticava, com obras financiadas por ele sendo questionadas por falhas técnicas e ausência de critério na aplicação dos recursos.
Repercussão e próximos passos
Até o momento, o senador não se pronunciou de forma detalhada sobre os apontamentos técnicos da CGU e do TCU. A expectativa é que os órgãos de controle aprofundem as investigações sobre o caso, o que poderá resultar em responsabilizações administrativas ou judiciais, caso sejam confirmadas irregularidades.
Enquanto isso, cresce a pressão por explicações e por maior rigor na destinação das verbas públicas — especialmente de parlamentares que se apresentam como símbolo de integridade e combate à corrupção.
Fonte: Blog Bruno Barreto
Nenhum comentário:
Postar um comentário