Agripino seria um dos beneficiários de caixa 2 denunciado
A revista CartaCapital, publicação nacionalmente conhecida, estampou na edição desta semana uma lista inédita de beneficiários do caixa 2 da campanha a reeleição do então governador Eduardo Azeredo, de Belo Horizonte, de 1998. E na relação, pelo menos um nome é bem conhecido do eleitor potiguar: o senador e presidente do DEM, José Agripino Maia.
O esquema foi operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, que assina a lista, registrada em cartório. O agora ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, aparece entre os beneficiários. Mendes teria recebido 185 mil reais. Já o senador potiguar receberia uma quantia de R$ 70 mil.
O pagamento a José Agripino, segundo a listagem, seria feito via governador Eduardo Azeredo e Pitanga da Veiga. Vale lembrar que em 1998, o potiguar disputou pela terceira vez o Governo do Rio Grande do Norte, mas foi derrotado em primeiro turno pelo hoje ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho. Na manhã deste sábado, O Jornal de Hoje tentou contato com o senador José Agripino, por meio de sua assessoria de imprensa, mas os telefonemas não foram atendidos e nem retornados.
Além da lista de políticos beneficiários no esquema, constam meios de comunicação, institutos de pesquisa e fornecedores de vários serviços de campanha que não necessariamente sabiam da movimentação ilegal de recursos. Segundo a revista, todos podem ter recebido sem conhecer a origem do dinheiro que pagou por seus serviços.
“De qualquer forma, a contabilidade assinada e registrada em cartório pelo publicitário Marcos Valério de Souza mapeia o fluxo dos recursos não-registrados oficialmente. A diferença é colossal. Azeredo declarou ter gasto 8 milhões de reais, mas os números apontados pelo publicitário chegam a 104 milhões”, afirma a CartaCapital.
Segundo a revista, todos os papéis estavam em posse do advogado Dino Miraglia Filho, de Belo Horizonte, e foram entregues à Polícia Federal. “Certos assessores de imprensa disfarçados de jornalistas tentam desqualificar a lista pinçando nomes de empresas citadas e perguntando se elas se corromperiam por tão pouco. Não sabemos afirmar (nem esta é a questão, a não ser para a estratégia diversionista de certos assessores de imprensa). Mas achamos que se abre uma nova linha de investigação do valerioduto”, acrescenta.
MEMÓRIA
O Jornal de Hoje publicou em maio uma série de matérias mostrando a atuação nos bastidores da campanha eleitoral de 2006 de Rosalba Ciarlini, atual governadora do Estado, mas que serviu para levá-la para o Senado Federal. Nas escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça, é possível constatar a negociação de troca de dinheiro por apoio político, caixa 2 e a tentativa de sonegação fiscal e compra de votos. Vale lembrar que assim como o senador José Agripino, Rosalba, na época, pertencia ao PFL, hoje chamado DEM.
Se essa não é a primeira vez que o DEM no Estado se envolve em denúncias de caixa 2, também não é a primeira a envolver o nome de José Agripino e o recebimento de dinheiro. Na Operação Sinal Fechado, o Ministério Público ouviu o nome do senador ser citado algumas vezes pelos envolvidos – George Leal, Alcide Fernandes e o empresário conhecido como Gilmar da Montana. Agripino receberia dinheiro para tentar manter o esquema fraudulento na inspeção veicular montado no Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte, Detran/RN.
Fonte: Tulio Lemos
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