sábado, janeiro 28

Morre o homem, fica a fama























Fotblog: Canindé Dantas
Por me encontrar ainda fazendo um repouso domiciliar, cuidando um pouco mais da saúde que ultimamente me trouxe temporárias complicações, deixo de ir ao velório e ao sepultamento de seu Manoel Tatu, assim como tem ocorridos com outros óbitos neste periodo.
Todavia como diz a filosofia do consagrado pensador Platão, morre o homem, fica a fama. 
A história serve pra registrar os acontecimentos, Carnaubais se despede agora de uma figura simples e bastante conhecida em sua convivência comunitária.
 Além de Carnavalesco nato, Manoel Carlos de Oliveira, foi precursor de outras memoráveis façanhas.
 Comerciante a moda antiga, ambulante, tornou-se um emérito varejista a domicilio, um verdadeiro andarilho, usava uma bicicleta e na sua garupa uma caixinha de madeira aboletada até a tampa de medicamentos populares e algumas espécies homeopáticas.
Saia da sua comunidade, na época chamada de Cachupita de Zé Catarina, indo vender de estrada abaixo, rumo as praias de Logradouro, Porto do Mangue, Rosado, Pedra Grande, Ponta do Mel, Redonda, Cristovão, Entrada, até chegar em Areia Branca. Manoel Tatu, com sua farmácia provisória, instalada na garupa da sua velha Mescssuize, muitas vezes atravessava o arquipélago, indo vender seus comprimidos ( cachés) nas faixas litorâneas de Pernambuqinho, Grossos, Tibau, encerrando o percurso em Icapui no estado Ceará.
Manoel Tatu, foi um verdadeiro incentivador da galopante inflação, um frasco de Beladona, um envelope de Cibazol ou Melhoral, custava os olhos da cara.
Fui sua vitima quando criança, papai me mandou comprar em João Cariolano o mais famoso farmaceutico da velha  Santa Luzia, uma vidro de Beladona, produto em falta na farmácia, mas recebi a recomendação que Manoel Tatu tinha o remedio em sua venda, localizada, onde atualmente chamamos de Sitio Casinhas.
 Não me fiz de rogado, botei o cavalo pra andar e fui comprar o remédio que Mamãe estava precisando aplicar em Arnóbio meu irmão.
 O caxeiro viajante já estava de saida, pra sua habitual rota nas praias acimas citadas.
 Fiz o pedido do remédio, perguntei o preço, seu Manoel Tatu na maior simplicidade respondeu: Tá barato pessoa, vou fazer pra você um precinho camarada, vou lje cobra  por 10 cruzeiros por ser você filho do amigo Inácio.
 Moral da história, no sábado seguinte, papai trouxe da farmácia de João Branco em Assu, 20 unidades de Beladona. 
 Ainda  hoje uma carteira de cigarros Derbi no local seu Manoel, situado no mercado público, era vendida ao valor de uma carteira de Carlton.
O fato em nada desmerece a figura do falecido, que lutou com o suor da sua cara pra sobreviver neste mundo capitalista.
Neste exato momento, seu esquife caminha em busca do campo Santo, que Deus o cubra de glória em sua nova morada.

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