A classe artística e cultural de Natal se comoveu em peso diante da partida de Romildo Soares
Romildo Soares fez arte até o fim. O compositor, poeta e cantor de 61 anos, encontrado morto no centro de Natal na noite da última terça (25), foi um dos artistas mais inquietos de sua geração. Além de criar, também era um militante cultural dedicado. Apesar de estar há anos em situação de rua, com a saúde fragilizada, contou com a ajuda de amigos em muitas ocasiões, e chegou a entrar em estúdio para gravar um disco novo, “Lokidown”, que seria bancado por uma campanha de financiamento online. Romildo se foi antes, mas sua arte segue imortal.
Romildo foi contemporâneo de uma geração de artistas potiguares de onde surgiu Pedro Mendes, Sueldo Soares, Babal, Cleudo Freire e Cida Lobo. Nasceu em Alexandria, e apresentou seu primeiro show em 1981, “Se preciso for”. Ainda nessa década, fez parte do grupo Tramppo. Em 1992, foi co-autor da música “Me faz sonhar”, parceria com Fábio Fernandez, com a qual a cantora Anna Fernandez recebeu o prêmio Sharp de revelação regional daquele ano.
Em 2001, a cantora Simone gravou a canção “www.sem”, composta por Romildo em parceria com o maranhense Zé de Riba. A música tocou bastante nas rádios e é um dos sucessos da artista. Anos depois, a potiguar Khrystal também gravou a composição no disco “Coisa de Preto”. Romildo ficou conhecido na cena natalense como um artista visceral, romântico, irônico e, principalmente, militante cultural.
A classe artística e cultural de Natal se comoveu em peso diante da partida de Romildo. Várias manifestações de carinho circularam pelas redes. “Obrigado pelas oportunidades e desafios de, juntos, realizarmos diversos trabalhos musicais. Vai em paz e com a alegria de quem atravessou sua estrada”, disse o produtor cultural Nelson Rebouças.
João Marcelino, artista plástico, escreveu: “Romildo Soares encantou-se! Notícia triste, pois representa o descaso do Estado brasileiro com uma classe que espalha poesia, amor e alegria. Que os Espíritos de Luz façam festa para Romildo nessa passagem”.
“Romildo, você partiu fisicamente, mas quem quiser conhecer esse poeta e compositor fabuloso, é só ir às tuas canções, tá tudo lá. Você não pensou como viver, mas viveu como sempre pensou. Descanse em paz, poeta”, disse o cantor e compositor Felipe Nunes.
“Era um cara querido. Recebeu todo tipo de ajuda, de todo tipo de gente. Mas havia confusões e vícios em sua mente. As ruas pareciam chamá-lo e sugá-lo. E por ali viveu, sofreu e morreu. Fica o legado, fica a lição, fica a imagem de Romildo nos palcos e na rua”, escreveu o jornalista Sérgio Villar.
Tribuna do Norte.
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