sábado, outubro 29

Adeus a Alberi

 O futebol potiguar perdeu hoje uma de suas grandes referências dentro do esporte no Brasil. Alberi Ferreira de Souza, 77 anos, faleceu no Hospital da Hapvida por complicações de um quadro de diabetes. Ele foi homenageado pelo clube que eternizou a sua arte desfilada nos gramados potiguares e também em outras partes do país, dando o nome do ídolo ao Centro de Treinamento de futebol profissional do ABC.

Alberi foi o único jogador a receber a Bola de Prata da Revista Placar atuando por um time do Rio Grande do Norte

Além do Alvinegro, onde marcou sua carreira, Alberi, cujo nome virou o sinônimo da camisa dez abecedista, também teve passagens por outras agremiações, entre elas o Santa Cruz e América-RN.
Alberi foi o único jogador a receber a Bola de Prata da Revista Placar atuando por um time do Rio Grande do Norte, isso ocorreu em 1972. Neste ano grandes jogadores como Leão (goleiro do Palmeiras), Figueroa (zagueiro do Internacional-RS), Marinho Chagas (lateral do Botafogo-RJ), Piazza (volante do Cruzeiro), Ademir da Guia (meia do Palmeiras) e Paulo Cézar Caju (atacante do Flamengo) receberam a mesma premiação.
Durante a carreira, o jogador de extrema habilidade e elegância dentro de campo, Alberi marcou 79 gols com a camisa do ABC-RN, e em sua bela carreira contabiliza seis títulos estaduais, sendo quatro pelo ABC, um pelo América-RN e outro pelo Campinense-PB.
É muito difícil dissociar a imagem de Alberi da do ABC, onde ele conseguiu se consagrar depois de chegar do Santa Cruz-PE. Alberi fez sua estreia no dia 10 de Abril de 1968, em uma partida disputada no estádio Juvenal Lamartine contra o Ferroviário-RN válida pelo Campeonato Potiguar. Ocasião em que o ABC venceu por 3 a 2 e Alberi marcou duas vezes, deixando um cartão de visita e tanto. 
Foi defendendo as cores do Alvinegro Potiguar que viveu seu auge na carreira, onde conquistou o tetracampeonato potiguar em 1970, 1971, 1972 e 1973. Em 1972 foi agraciado com a maior premiação dada aos jogadores da época que era a Bola de Prata da Revista Placar, compondo a seleção dos maiores destaques do Brasileirão ao lado de Leão (PAL), Aranha (REM), Figueroa (INT), Beto Bacamarte (GRE), Marinho Chagas (BOT), Piazza (CRU), Ademir da Guia (PAL), Zé Roberto (CFC), Osni (VIT), Alberi (ABC) e Paulo César Caju (FLA). Depois disso, recusou várias propostas para mudar de clube, sendo uma delas do Fluminense. 
Em 1974 deixou ABC para defender o Rio Negro, onde atuou por duas temporadas fora do RN, voltando as terras potiguares apenas no ano de 1976, mas dessa vez para defender o maior rival do ABC, o América/RN, que além de tirar o maior craque do adversário, de quebra ainda conquistou o título estadual.
A relação com o América se manteve até o ano de 1978, quando com a carreira chegando perto do fim, ele atuou em 28 partidas e marcou apenas seis gols. Então foi a vez deles dr adeus ao outro gigante natalense e começar uma carreira de cigano atuando no Baraúnas, na segunda metade do ano de 78, Campinense-PB (1979), Alecrim da segunda metade de 79 até o ano de 1981, quando ainda teve tempo de atuar pelo Icasa-CE.
Depois disso, ele retornou a sua antiga casa, para cuidar de receber o afeto dos torcedores do clube, do qual havia se eternizado como ídolo e abandonou os gramados em 1984, depois de ter marcados pelo time do povo 79 gols e conquistado 4 estaduais. 
Ele parou de atuar aos 38 anos de idade, mas ainda deixou saudade. Era difícil ver o ABC em campo e não ter mais aquele maestro da camisa dez em campo tocando e organizando a equipe com sua elegância ímpar.
Parou aos 38 anos dizendo a seguinte frase que se tornou célebre dentro do futebol potiguar: “Quando as pessoas começam a olhar para você com desconfiança por causa da idade, é melhor deixar a bola de lado. Foi exatamente o que eu fiz”, disse Alberi em sua despedida.
Em sua carreira profissional Alberi marcou 283 gols. Em 2001, em eleição realizada pelo Jornal Tribuna do Norte para escolher a seleção de todos os tempos do ABC e em pesquisa semelhante realizada pelo ABC em virtude das comemorações dos noventa anos do clube, Alberi apareceu como titular nas duas seleções. Alberi deixa a esposa, nove filhos e onze netos.
Títulos
ABC
Campeonato Potiguar de Futebol de 1970, 1971, 1972, 1973 e 1983
Taça Cidade do Natal: 1971 e 1983
Alecrim
Taça Cidade do Natal: 1979
América de Natal
Campeonato Potiguar de 1977
Taça Cidade do Natal: 1977
Campinense
Campeonato Paraibano de 1979

Tribuna do Norte

Nenhum comentário:

Postar um comentário