segunda-feira, maio 2

VALDEMAR CAMPIELO RETORNA A PREFEITURA EM 1972

 

Valdemar Campielo Maresco tendo feito um mandato assistencialista no primeiro exercício do poder, tendo sido avalista da pacificação que elegeu João Teixeira Filho, nesta eleição após os três anos de Teixeirinha, disputou sua segunda oportunidade mais uma vez na oposição. 
Tendo como vice prefeito Manoel Alves  Freire, que era liderança em Porto do Mangue e conhecido na população apenas como Manoel Freire.
Valdemar realmente exercia uma liderança incontestável, principal no reduto de Logradouro onde residiu como gerente das salinas do grupo do empresário mossoroense Francisco Souto  (Soutinha), comunidade que seus adversários, era sempre massacrado, a ponto deles chamarem a localidade de curral eleitoral de Valdemar. 
Além de tomar conta das terras da familia dos Rosados, tradicionais políticos de Mossoró, uma tarefa que vinha desde o seu pai Major Amaro Campielo.
Na verdade a influência de Valdemar era grande e o seu poder imprimia uma pressão psicológica no eleitor, que estes se sentiam na obrigação de votar.
Valdemar usava um estilo ameaçador, sem praticar violência verbal ou física: apenas intimidava quem ia votar com seu olhar.
No dia da eleição tipo os coronéis da aristocracia rural, se portava na porta de entrada do Secção eleitoral e pedia pra o eleitor mostrar a cédula (chapa), quando encontrava uma que votasse no seu opositor, rasgava e dava outra com o seu nome.
Nesta época ainda em plena força do regime militar prefeito deitava e rolava.
Quando as urnas abriam a contagem de votos do seu oponente, era uma fração mínima, 90% dos comunitários residentes, votavam no filho do Major Amaro.
Nesta eleição ele derrotou o seu 1º vice prefeito João Benevides Sobrinho.
Teixeirinha tendo sido um razoável administrador não preparou um nome forte em seu bloco politico para sua sucessão, indicou o primo Juca Benevides e levou uma acachapante derrota.
Nesta campanha aconteceu um episódio que serviu de "Paródia Musical" para o candidato vitorioso.
Estando Juca Benevides na comunidade de Logradouro com palanque armado, fazendo um discurso em tom agressivo contra Valdemar Campielo. 
Um eleitor aliado do ex-prefeito que se encontrava no meio da pequena plateia, que estava a ouvir os desaforos pronunciados pelos demais oradores de Juca: arremessou um "Tijolo nos peitos do candidato contra Valdemar, obrigando de imediato a se desfazer o palanque para cuidar de Juca, que entre gemidos e dores, estava sentindo falta de respiração.
Valdemar como prefeito, fez algumas importantes obras em Carnaubais, criação de escola primária na cidade, em Logradouro, mercado público em Porto do Mangue e outras de atendimento coletivo em outras partes do muncipio.
No primeiro mandato saiu da prefeitura, sem aparentar melhorias de patrimônio, apenas havia comprado uma pequena propriedade na localidade de Carapuça afastada 1 quilometro da sede da prefeitura na cidade antiga, lá construiu uma casa e levou uma vida humilde trabalhando na agricultura.
Isto lhe deu bastante popularidade, estava sempre entre os mais pobres e facilitou seu retorno ao poder
Teve muitas virtudes e apresentou alguns defeitos de comportamento que culminaram com sua perda de credibilidade.
Gostava de dá as coisas ao eleitor, fazia isto de forma espontânea, quando o individuo pedia tinha sempre uma desculpa para dizer não o venha tal dia e não cumprir.  
Outra esnobação discrepante lhe tirou de tempo ganhou a pecha de mal pagador, principalmente o atraso salarial dos servidores, professores com especialidade.
Ouvi muitos depoimentos negativos de pessoas idôneas a este respeito.
Valdemar não era vaidoso, apesar de ter uma rural a disposição do prefeito, este era mais usado pelo tesoureiro Zé Cabral do que por ele.
Gostava de caminhar a pé, todas as manhãs de sua casa na Carapuça ou Banco de Areia como chamavam par seu expediente diário na prefeitura, época da cidade que hoje chamam de histórica.
Cito aqui alguns relatos que comprovam a sua bondade misturada com irresponsabilidade.
Certa manhã e isto era fato comum todo final de mês, a prefeitura lotava de servidores que vinha cobrar o seu contra-cheque de pagamento.
Valdemar usava o estilo de mandar preparar o cheque na hora, desta forma pagava a quem queria.
Contava João Mendonça, pai do borracheiro Machinho, que um certo dia encontrou o prefeito saindo de casa e lhe deu a informação a prefeitura tá cheia de professores, esperando o senhor chegar.
Neste tempo o cofre do prefeito geralmente era no bolso do gestor, sempre conduzia valores em seus bolsos. 
Valdemar olhou para João Mendonça que gostava de apelidar as pessoas pelo termo de "Liga" foi logo recompensando o informante, meteu a mão no bolso e lhe deu uma nota de cem cruzeiros. 
João Mendonça acompanhou ele na caminhada e relatou que cada pessoa que  encontrava no caminho, sendo lógico seu eleitor, chamava e dava a mesma quantia.
Moral da história, quando chegava na prefeitura estava liso batendo biela.
Sem maiores preocupações respondia venham outro dia, eu mandei avisar que tinha pagamento hoje, vão pra casa quando aparecer dinheiro na prefeitura vocês recebem.
Como não existe bom sem defeito, Valdemar esnobou muito o seu prestigio com certas futilidades.
Me lembro de uma vez, estando na mercearia de Antônio  Januário, havia chegado de férias e gostava sempre de conversar politica principalmente com seu filho também conhecido por Toinho de Angelina.
Toinho como dirigente partidário época do bi-partidarismo, sendo do MDB e Valdemar da Arena, estando no bate papo Luis Borges, Chico de Ernesto, Nouzinho fiscal, chegou  Ezaú Martins e foi logo dizendo: Valdemar quem é seu candidato a prefeito, este forma seca e sem contemplação, viu una carteira de cigarros rolando no chão apanhou, tirou papel laminado enas costas fez três riscos: amassou e jogou no canto da parede.
Tá vendo ali aquele papel, abra e quem tiver escrito será meu candidato e ganha a eleição.
Posso até está iludido até hoje, mas, acho que a partir desta atitude soberba de arrogância e poder levou seu Valdemar conhecer os caminhos da derrota.
Não deu outra, na eleição seguinte, tendo queimado a candidatura natural de Verdi Cortês, gerou uma insatisfação popular e o vitorioso prefeito, contra Giovanny Wanderley por ele indicado, foi o vereador Valdeci Medeiros de Moura, que será o próximo a ser por mim relatado.
Valdemar foi prefeito duas vezes e saiu da prefeitura, sem construir riqueza as custas dos cargos exercidos. 
Porém, tinha uma turma da sua panelinha, se deram melhor do que o prefeito e pra evitar constrangimentos aos seus descendentes, prefiro deixar no anonimato suas identificações.

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