segunda-feira, maio 2

FALAR DE FEIRA RUIM É DESCULPA DE ALEIJADO


Nasci em 1950 e lembro perfeitamente de como era feira dominical na cidade antiga, uma estirada latada de palha servia de cobertura para que alguns barraqueiros vendesse suas mercadorias, barracas para venda de carne bovina, caprinos, ovinos e suínos era as mais comuns. 
Nesta época os dois cafezeiros mais conhecidos eram Luiz Teodósio e Beata de João Pereira. 
Outras banquinhas com produtos de artesanais feitos de argila como panelas de barro, potes quartinhas, fogareiros em lata de querosene para queima de carvão e uma banquinha de caipira de seu Cicero completava a diversão dos que gostavam de uma jogatina de bozó (caipira). 
Uma vez por outra aparecia o trapaceiro Tributino vindo de Macau -  com o jogo dos didais ou das 3 cartinhas. 
O velho Manoel Fonfom e Zé Marreiro se encarregavam de vender peixe da água doce, principalmente as fieiras de palha com Coró. Também havia os doutores raízes vendendo diferentes cascas e  folhas de pau para o chás caseiros.

Neste tempo os comerciantes mais abastardos com suas bodegas eram Zé Xavier, Ernesto Militão,  João Alves, Antônio Januário, Ovídio Perreira, seu Romão irmão de dona Deodata, tomando conta de uma mercearia de Luis Borges e depois de Ezaú Martins, Chico Marques com compra de peles, algodão e fruta de  oiticica, depois expandiu o negócio com gêneros alimentícios.  

Quase que me esquecia do restaurante hotel de dona Adail e Tonico Silva.

Seu Luiz Lalau em sua casa, ocupando funções de delegado, também se movimentava com o cozinhamento de pó industrializando cera de carnaúba, compra de pó, borra e outros frutos oleaginosos.

Abel Fonseca era o mais abastardo de todos, desde sua indústria de descaroçamento de algodão a compra de outros produtos agrícolas, fazendeiro e comprador de gado.

Sim também não faltava os cantadores repentista de viola, tocando para arranjar uns trocados, tendo sempre como fregueses perpétuos: Joel Siqueira, João Fernandes conhecido por João Fute, Abel Cabral e Zé Marcelino. 

Os mais famosos eram  Manoel Calixto, Alipio Tavares, Manoel Pacapara e Curió da comunidade do Canto Grande municipio de Afonso Bezerra.

Os camelôs com uma cobra  mansa servindo de propaganda, um microfone carregado a bateria, uma extensa esteira no chão, vendendo comprimidos, garrafadas para Xarope e os famosos romanceiros cantando versos de cordéis para quem apreciava cantoria.

Depois foi que apareceu o mercado público (1958) e com outros personagens em ação, fazendo a feira de todos os domingos e o comércio interno diário: Julião, Nininho, Joca Inácio, os marchantes João Café, Zé Fonseca (velho) Beijinho, Edvaldo Barreto, e fora dele, o mais badalado era a mercearia bar de Avani Domingos.

A farmácia de João Coriolano, as lojas de tecido de Antonio Siqueira, Antônio da Loja e as padarias de Ezaú e Chico Moura. 

João Alves sendo motorista profissional, largou a profissão e transformou sua bodega numa casa de Jogo de baralho.

Seu Fernando Preto, casado com dona Kaká também explorava a jogatina sem faltar carteador jogando pif-paf.

No serviço público oficial os Correios sob o controle de dona Faustinha gerenciando, ainda no sistema morse de comunicação enviando telegramas e uma emergencial rede telegráfica implantada de Assu nossos domínios geográficos.

Um detalhe, falar que hoje a feira está acabada por empobrecimeto do povo, pra minha visão é não ter o que conversar. 

Antigamente não havia empregos, geração de renda, eram raros os que tinha uma mensalidade salarial.

Porém, não havia inflação, era comum os fornecedores vindo do Assú como Nilo Gouveia, num caminhão despachando farinha, feijão, querosene ou qualquer outro produto das necessidades domésticas, deixando na porta do comerciante para que ele pagasse com o apurado do que vendia.

Muitos comerciantes aqui tinha fregueses de ano a ano, vendendo tudo quanto a familia precisava para receber a dívida com o produto da sua safra: algodão, milho, feijão etc e tal.  

Como fonte de sobrevivência, somente a agricultura,  temporariamente os cortes de palha e o furo das salinas em Logradouro, Macau ou Areia Branca e Mossoró.

Outra coisa o empobrecimento das classes menos favorecidas se encontram em todo lugar, não é nenhum privilégio exclusivo de Carnaubais, nem da gestão pública atual, como bem insinuou um historiador de faixada do nossos município. 

Apesar do seu diploma em nivel superior a história que conta está muito distorcida.

Outro detalhe que fez as feiras livres ficarem menor -  conheci as maiores do Estado: Assu, Currais Novos, João Câmara (Baixa Verde) Ceará-Mirim, São Rafael e Touros. 

Nenhuma delas é mais a mesma, todos diminuíram  de tamanho com redução dos contumazes frequentadores.

Outro fator com o avanço da comercialização modernizada com estruturação do tipo supermercado, shoppings e outros similares, as feiras livres ficaram  servindo apenas de complemento.

Só cego não enxerga isso! Isso sem se falar no desativamento das empresas agrícolas da região e de carcinicultura, que deixaram  de atuar e muitas famílias  ficaram sem uma renda própria

Uma gestão que paga em dia seu servidor municipal, injetando recurso nas mãos de mais de 500 famílias no municipio e esse dinheiro circulando no comércio local ou circunvizinho, não pode ser responsabilizada, apenas pelo despeito politico de um adversário.

Havendo réplica destas afirmações, tenho outras detalhes para conclusão deste fundamental capítulo da nossa história.

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