sábado, julho 11

Lula espera que Dilma rode o país mostrando obras do governo. Mas que obras se o país parou?

Recessão (Foto: Arquivo Google)
Uma vez que estão abespinhados um com o outro, Lula decidiu, sempre que pode, mandar recado para Dilma por meio de amigos comuns.
Luiz Marinho (PT), prefeito de São Bernardo do Campo aonde Lula mora, foi um desses amigos.
Marinho aproveitou entrevista que concedeu ao Broadcast Político, da Agência Estado, para sugerir a Dilma que faça como Lula após o escândalo do mensalão: saia do gabinete e mostre obras do governo.
- Este é o meu clamor, do presidente Lula e de todos os dirigentes do partido: é preciso que a presidenta rode primeiro o país, para Lula rodar depois – pediu Marinho.
Esqueceu algumas coisas. Primeira: Lula tem carisma e é bom de gogó – Dilma não tem carisma. E quando fala costuma ser um desastre.
Segunda: o mensalão foi o primeiro escândalo dos 12 anos de governo do PT. E a população estava predisposta a perdoar o partido do presidente operário recém-eleito. Agora não é assim.
Terceira coisa: o mensalão derrubou a aprovação de Lula. Mas nada parecido com o que aconteceu com Dilma da reeleição para cá. Apenas 9% dos brasileiros, hoje, aprovam Dilma.
Imagine Dilma, de capacete e macacão, viajando pelo país e acenando com obras para as quais falta dinheiro. Sacanagem de Lula com ela...
De volta a Marinho, que tem por hábito repetir o que escuta de Lula. Marinho repele a suspeita de que dinheiro sujo irrigou a campanha de Dilma, como contou o empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, que prestou serviços à Petrobras.
- Os que contribuíram para a campanha de Dilma contribuíram para a dele [a campanha de Aécio Neves]. Vão dizer que o dinheiro da Dilma é sujo e o dele é limpo, se a fonte é a mesma? É uma falácia – garante o prefeito.
Esqueceu de dizer que há testemunha da doação de dinheiro sujo à campanha de Dilma – o próprio Pessoa. E que não há de que dinheiro sujo de Pessoa foi também doado à campanha de Aécio.
E não se trata de nenhuma simpatia que Pessoa tenha pelo PSDB, porque ele revelou ter dado dinheiro de caixa 2 para a campanha de Aloysio Nunes, senador do PSDB de São Paulo.
Desde que deixou a presidência da República, Lula viaja para o exterior como conferencista e lobista das empreiteiras envolvidas na roubalheira da Petrobras.
Pois bem: Marinho manifestou-se a favor delas quando disse:
- Precisamos de uma ação para as empresas envolvidas na Operação Lava Jato, porque há sinais de quebradeira das empresas.
Preocupação legítima do chefe de Marinho.
Por fim, o prefeito de São Bernardo causou espanto à jornalista que o entrevistou ao sugerir que os presos da Operação Lava Jato possam estar sendo torturados. Sim, torturados.
- Como cidadão, vejo como um juiz de primeira instância (Sérgio Moro) possa colocar de joelhos as instâncias superiores da forma como tem feito. Parece até encomenda e é preciso que as instâncias superiores assumam a responsabilidade por este processo. É um absurdo que delatores A, B ou C acusem alguém sob tortura.
- Tortura? – perguntou a jornalista. E Marinho retrucou:
- O que se ouve de bastidor é que está havendo tortura não só psicológica. E alguém falando nessas condições tem o direito de mentir. Sugiro que os senadores (da oposição que foram à Venezuela para tentar visitar os presos políticos do regime de Nicolás Maduro) façam uma comissão e, em vez de ir à Venezuela, vejam o que está acontecendo em Curitiba, que é muito mais perto.
O prefeito de São Bernardo do Campo não é um ponto fora da curva entre as cabeças coroadas e influentes dentro do PT. O partido está repleto de Marinhos.
Ricardo Noblat

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