segunda-feira, agosto 4

QUE SAUDADE!!!


Chegou o dia do poeta partir...

Durante o dia, se despediu dos vizinhos, percorreu a serra da Paquevira para abraçar os amigos de infância...

Olhou a sala da velha casa como se fosse a última vez. Os irmãos, alguns já rapazes, disseram: "Boa sorte, Amaro". "Deus te acompanhe, Bau", outros amigos diziam.

Outros irmãos seus eram garotos: magrelos, pançudos, olhavam o irmão mais velho e ficavam sem entender os prantos da mãe...

Sua mãe e seu pai (Dona e Paiquim) estavam tristes e foram levá-lo à cidade de onde o caminhão iria sair em direção a São Paulo. Já era noite, no frio de Taquaritinga do Norte. Sua mãe não conteve as lágrimas; seu pai se segurou como pôde...

Sua mãe o abraçou. Ajeitou a gola da camisa que ficou molhada com as lágrimas que tinham ficado nos dedos e, soluçando, disse: " Deus te acompanhe, Amaro e te guie pelo caminho e te faça muito feliz"...

O ano era 1954: Amaro ainda tinha 19 anos de "idade. São Paulo era outro mundo. Outro dia uma senhora, já idosa, tinha dito a "Dona": São Paulo é muito longe, quem vai pode não voltar".

Amaro se agasalhou no caminhão de "Mané Boneco" e olhou pela janela sem o vidro, avistou seus pobres pais, franzinos, simples. Sua mãe com um vestido longo, humilde, se acabava de chorar.

Ela não acreditava que Amaro Dias voltasse mais. A noite na Paquevira foi a mais triste do mundo. Os irmãos menores perguntavam: "Quando Amaro vem? "Joaquim" ficava calado e "Dona" soluçava...

Na Paquevira, enquanto estava em São Paulo, pouco ou nada se sabia de Amaro...

Em 1963 (7 anos depois), um rapaz bem vestido, de paletó e gravata, trazendo uma viola nas costas, subiu a serra da Paquevira e os irmãos começaram a gritar: "Amaro!" "Amaro voltou!"

Sua mãe saiu atordoada da casa simples. Boquiaberta. Avistou de novo o filho depois de tantos anos. Não acreditou. O sangue fugiu. Ela desfaleceu. Desmaiou...

Amaro estava de volta a Paquevira. A casa pequena, no alto da serra, de repente, entre "repentes", era festa, e os versos ecoaram por toda a Paquevira...

Texto de Clécio Dias

Foto colorizada, capturada em 1960, em Sorocaba/ SP.

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