domingo, abril 12

O VÍRUS E O VELHO


Seu doutor eu sou do mato.
Lá não tem televisão,
telefone tem também não.
o meu rádio tá quebrado, Senti o mundo parado
Numa grande aflição!
O povo todo trancado
Quando procurei a feira, Na cidade do meu chão, Nem as bancas tavam lá. Surgiu minha indagação: -O que é que se assucede? -Será guerra no mundão?
Mas não ouço um estrondo, nenhum um tiro de canhão? Doutor me arresponda: - O que aconteceu então? E o doutor foi me dando tudo que era explicação:
Um tal de coronavírus vindo da China e Japão Tá matando muita gente, muito mais que Lampião, Que os peidos de Jandira, que o bafo de Tonhão, Que inhaca de Raimundo, Que a fome em meu sertão.
Eu fiquei agoniado e disse ao dotô ligeiro, -Será que não tem um homem que mate esse desordeiro? Que fure os olhos dele, quebre as pernas por inteiro, destrua as suas armas, lasque logo este estrangeiro?
Doutor, eu tô escutando O que explicou vosmecê só mais uma perguntinha se puder me responder: -Esse tal coronavírus, come mesmo é o quê?
Mas quando o doutor falou fiquei todo arrepiado. Minha alma deu um pulo, meu corpo ficou gelado. Vou voltar pra minha casa e ficar todo trancado. O tal do coronavírus come véio. Tô lascado!
(Autor)
Mané Beradeiro Parnamirim/RN

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