tTTeT janeiro de 2012 às 06:12
Entrevista exclusiva com Paulo de Tarso Fernandes
A primeira coluna de 2012 começa com uma entrevista exclusiva com o advogado e jurista Paulo de Tarso Fernandes, que por dez meses foi o braço direito, e esquerdo, da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), atuando como o supersecretário-chefe do Gabinete Civil.
PTF há anos morava no Rio de Janeiro, sem data ou pretensões de retomar moradia no RN, mas retornou antes de qualquer programação diante do apelo do casal-amigo Rosalba Ciarlini e Carlos Augusto Rosado para colaborar com o governo.
Não demorou muito e já demonstrou seus superpoderes.
Era a voz oficial. Decisões, idem.
Até que interferências ravengarianas ultrapassaram os limites do que ele poderia considerar.
A gota d’água foi a delonga, que decerto seria final, para a renomeação do vice-governador Robinson Faria, também seu amigo, como secretário de Recursos Hídricos.
RF pediu exoneração para assumir o governo no período em que Rosalba esteve nos EUA, mas entreveros políticos leveram a tesoura ao cabelo de Sansão, levando com suas mechas o até então plenos poderes no governo e na Assembléia Legislativa.
Muitas são as críticas em torno do governo democrata. Nesta semana, mais uma forte enxovalhada, diante do decreto do Gabinete Civil que proibia manifestações no Centro Administrativo, e o acesso de não funcionários a partir das 18h.
A coluna, então, ouviu a opinião de quem comandou o poder que sai da antessala da governadora: Paulo de Tarso.
Foi duro no diagnóstico: “É um desatino político”. E aconselhou a revogar.
No mesmo dia da publicação da declaração na coluna, Rosalba afirmou que não revogaria, apesar de respeitar o conselho de PTF. No final da tarde, mudou de intenção e anunciou a anulação do decreto.
Paulo de Tarso, que foi deputado estadual por três legislaturas, aplaudiu a atitude.
Nesta entrevista, em que fala do governo (seus erros e acerto), Carlos Augusto e Rosalba, mais eleições 2012, observem na sutileza das suas respostas críticas vigorosas:
Coluna: O Senhor conheceu a radiografia financeira e administrativa do Estado. Qual o diagnóstico real?
PTF: – “Penso que é real a penúria financeira do Estado. Creio, por outro lado, que o Estado tem opções, mas elas só se conseguem com rup-turas”.
Coluna: – Durante a campanha, sabiam-se das dificuldades do Estado e inclusive eram propaladas por ad-versários, apontando soluções e prometendo avançar. Problemas que se superaram. Como conhecedor da situação, o Senhor acredita que vai decolar neste ano de 2012?
PTF: – “Não percebo sinais concre-tos de que isso esteja na iminência de ocorrer”.
Coluna: O que está errado e o que se acertou?
PTF: – “Errado: má qualidade da des-pesa, persistente. Acerto: melhor política fiscal e administração tribu-tária, bem como a mais eficaz defesa do Estado nos tribunais, frente às crescentes demandas judiciais, que terminam por penalizar toda a soci-edade, privilegiando o interesse in-dividual em detrimento do interesse público. É preciso não permitir que se instalem cansaço e acomodação na luta pela melhor qualidade da despesa pública, pela justa política tributária, e pela defesa intransigente do Estado no Judiciário.
Coluna: Se há seguidos recordes de arrecadação, onde esse dinheiro está sendo aplicado e onde se deve?
PTF: – “De novo, má qualidade da despesa. É preciso investir, já e antes, na modernização administrativa e na eficiência gerencial do Estado. Todo preço vale esse investimento”.
Coluna: A governadora disse que está satisfeita com a sua equipe. O Senhor acha que deveria haver mu-dança?
PTF: – “Não me cabe opinar”.
Coluna: Como conhecedor da cena política potiguar, o Senhor arriscaria num palpite para as urnas de outubro próximo?
PTF: – “Em Natal, Carlos Eduardo Alves não é palpite, mas evidência. Se votasse em Natal, teria dificuldades, como cidadão, para escolher entre Carlos Eduardo e Rogério Marinho, cujo preparo é também uma evidência. No interior, as cir-cunstâncias locais serão preponde-rantes, com pouca influência externa”.
Coluna: Tem pretensões de ser conselheiro do TCE?
PTF: – “Não, embora tenha todo apreço pelo Tribunal e seus inte-grantes”.
Coluna: Como ficou o relacionamento com Rosalba e Carlos A-gusto, após sua saída do governo?
PTF: – “Faço votos sinceros para que tenham êxito e colham todas as venturas pessoais. Devo testemunhar o esforço de ambos para acertar, bem como a honradez com que tratam a coisa pública. Discordo dos métodos quanto ao esforço por acer-tar política e administrativamente, e adiro incondicionalmente à maneira como tratam os bens do povo”.
Coluna: E com Robinson Faria?
PTF: – “É o símbolo vivo da quebra irracional e injusta de compromisso político, legítimo e lícito. Nódoa que não se esmaia contra a face do Rio Grande do Norte, e para sua vergonha, isso corroi politicamente os que deveriam liderar a sociedade, pelo descrédito e desconfiança gerados no julgamento dos menores, dos distantes, dos que não vão aos gabinetes oficiais, dos sem mandato, do povo, enfim. O Vice-Governador não é vítima, pois sua grandeza leal e digna não condiz com o gemido dos que se derrotam, mas sua expulsão do Governo e do sistema político governista é um estigma, estigma que não é ele que carrega”.
Coluna: Quais seus projetos para o ano que entra?
PTF: – “Tenho minhas atividades profissionais, que estou retomando. Embora atento as coisas de meu Estado, ao qual busco sempre servir, não pretendo ter atuação política, exceto na minha terra, Santana do Matos, onde quero resgatar compromissos de lealdade, lutando pela eleição de Lardjane Ciríaco, Prefeita, e Edvaldo Júnior, Vice”.
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