segunda-feira, agosto 4

AH QUE SAUDADE ME DÁ

 

O extrativismo da palha da carnaúba é uma atividade secular responsável pela geração de emprego e renda á mão de obra avulsa do município e região.
 Lembro que através desta rudimentar economia, meu pai Inácio Lacerda, tirou o sustento de  sua família por meio século de trabalho intenso, agregando centenas de trabalhadores, oportunizando a cada um a sobrevivência de uma vida dignificada com o próprio suor da labuta cotidiana. 
O empreendedorismo nesta atividade exercida por papai extrapolava nossas fronteiras, arrendava carnaubal em várias regiões do estado, saindo do Vale do Assú com caravanas de trabalhadores braçais para municípios mais distantes. 
A região do Mato Grande e seu litoral era uma das favoritas: Parazinho, Pedra Grande, São Miguel do Gostoso, Caiçara do Norte, Touros e Pureza, acostumou-se com a presença anual de Papai, dando uma injeção de recursos na compra de produtos alimentares para a turma de agregados no corte e batimento da palha da carnaúba.
 Em  Parazinho alguns comerciantes festejava a chegado do "Velho da Palha" sabia que era sinal de venda certa: carnes, farinhas, rapadura e outros gêneros de 1ª necessidade era consumida em escala durante o período da colheita da carnaúba.
 Foi através dos lucros obtidos com o fabrico da cera branca e arenosa, feita na própria usina que papai possuía, sendo comercializada aos compradores da região que levava o produto para fazer exportação em Fortaleza (CE), que tive a oportunidade de gozar meus melhores momentos de vida.
 Papai como muito gosto e  afeto bancava meus estudos em: Pendências, Mossoró, Assú, Ceará-Mirim, Currais Novos e Natal, cidades que fizeram meu roteiro de escolaridade.
 A carnaúba foi identificada pelo escritor naturalista Rômulo Wanderley como a "Árvore da Vida", tudo dela tem proveito, desde a choupana do pobre ao sobrado do rico. 
Outros empreendedores como: Chico Amancio, Pedro de Maneco, Zé Militão, Expedito Minduca, João Coró, Expedito Moura, Artur Lourenço, Nelson Aquino, Pedro Victor, Dé Fonseca, Jaconias e outros mais recentes, vestiram uma boa camisa e adquiriram patrimônios fruto da economia deixada por esta riqueza regional

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