segunda-feira, dezembro 16

OBESIDADE ALCANÇA 131,8 MIL ADULTOS NO RN E ESPECIALISTA ALERTA PARA CUIDADOS

 


O Brasil enfrenta um avanço preocupante nos índices de obesidade, que cresceram 286% na última década. Dados do Ministério da Saúde revelam que mais de 8,2 milhões de brasileiros estão obesos, enquanto o número de pessoas com sobrepeso saltou de 3,1 milhões em 2014 para 8,5 milhões em 2024. A situação também é grave no Rio Grande do Norte, onde, segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), alimentado pela pasta federal, o número de adultos com algum grau de obesidade aumentou de 64 mil em 2014 (25,14% da população) para 131,8 mil em 2024 (38,96%).

Para Pedro Henrique, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no RN (SBEM-RN) e endocrinologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN/Ebserh), o fenômeno tem múltiplas causas. “O aumento do sedentarismo, a piora do padrão alimentar com mais alimentos ultraprocessados e o menor consumo de alimentos in natura são fatores determinantes. Além disso, a modernização trouxe facilidades, como transporte, escadas rolantes e controle remoto, que reduzem o gasto calórico diário”, analisa.

O aumento também foi expressivo no grupo de potiguares com sobrepeso. Em 2014, 88.593 adultos (34,68%) estavam acima do peso ideal, enquanto em 2024 o número chegou a 117.971 (34,86%). Esses números refletem mudanças significativas nos hábitos alimentares e no estilo de vida da população. “Pacientes com sobrepeso já têm maior risco de doenças metabólicas como diabetes, hipertensão e dislipidemia, além de problemas osteomusculares, como dores no joelho, quadril e coluna. A infertilidade também pode ser uma complicação. É um quadro que requer cuidados desde os primeiros sinais de excesso de peso”, explica Pedro Henrique.

A educação alimentar é uma das estratégias mais eficazes para prevenir a obesidade, segundo o endocrinologista. Ele enfatiza a necessidade de ensinar desde cedo que uma alimentação saudável deve ser natural e não vista como uma punição. “Verduras, legumes, grãos e proteínas magras devem ser encarados como uma alimentação normal. Essa base precisa ser ensinada tanto em casa quanto nas escolas, com o apoio de profissionais de saúde”, afirma.

Essa busca por hábitos mais saudáveis deve ser realizadas através de iniciativas simples, mas eficazes, e que podem favorecer a adesão. “É essencial adotar uma alimentação balanceada e incluir atividades físicas regulares no cotidiano, como caminhar até a padaria ou supermercado, ajuda a aumentar o gasto calórico”, orienta. A moderação no consumo de álcool e tabagismo devem ser fortes aliados.

Segundo diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos devem fazer, pelo menos, uma média de 60 minutos por dia de atividade física de moderada a vigorosa intensidade, ao longo da semana. Para adultos entre 18 a 64 anos, o número sobe para 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica de moderada intensidade ou pelo menos 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica de vigorosa intensidade. Em idosos acima de 65 anos são orientados 150 a 300 de intensidade moderada ou 75 a 150 de intensidade vigorosa.

Endócrino defende ampla conscientização
A obesidade é reconhecida pelo Ministério da Saúde como um “problema de saúde pública” que impacta diretamente na qualidade e na expectativa de vida das pessoas afetadas. Quanto maior o grau, maior a chance de existir doenças associadas e um prejuízo à saúde.

A definição de obesidade e sobrepeso é trabalhada pela OMS, a partir de um cálculo da divisão do peso do indivíduo pela estatura, em metros, ao quadrado, com resultado entre: abaixo do peso ideal (inferior a 18,5kg/m2), adequado (18,5 até 24,9kg/m2), sobrepeso (25 até 29,9kg/m2), obesidade grau I (30 até 34,9kg/m2), obesidade grau II (35 até 39,9kg/m2) e obesidade grau III (acima de 40kg/m2).

Diante disso, o endocrinologista Pedro Henrique ressalta a importância de ações governamentais para enfrentar a obesidade. Ele destaca o impacto positivo de campanhas de conscientização e políticas como a taxação de alimentos ultraprocessados e o incentivo ao consumo de produtos in natura. “Podemos fazer um paralelo com a campanha antitabagismo, que reduziu significativamente o consumo de cigarros no Brasil. Políticas similares, como a redução de impostos sobre alimentos saudáveis e a taxação de alimentos ultraprocessados, podem ajudar a reverter o cenário atual”, avalia.

Outro ponto crucial para o presidente da SBEM-RN é a criação de espaços que incentivem a prática de atividades físicas. “Ciclovias, parques e locais públicos para esportes ao ar livre podem estimular a população a adotar um estilo de vida mais ativo. Essas medidas, aliadas a campanhas educativas, são fundamentais para promover hábitos mais saudáveis”, aponta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário