sexta-feira, maio 24

Cenário - Sem incentivos, clubes do interior “somem do mapa” no futebol do RN

Entre 2009 e 2019, representação interiorana na primeira divisão do Campeonato Potiguar caiu de 72% para 37,5%; percentuais sobem se consideradas no cálculo as equipes da região metropolitana
Elenco do ASSU que venceu o Campeonato Potiguar de 2009
Quem acompanha o futebol do Rio Grande do Norte há pelo menos 10 anos tem notado que, a cada temporada que se passa, os clubes profissionais do interior do Estado estão “sumindo do mapa” esportivo potiguar. Sem incentivos, principalmente do poder público, as equipes estão se licenciando para evitar dívidas, o que tem alimentado cada vez mais uma realidade triste para os fãs do futebol norte-rio-grandense.
Para se ter uma ideia, no Campeonato Potiguar de 2009, que contou com 11 clubes, pouco mais de 70% das equipes eram de cidades do interior (72,72%, para ser mais exato). E o percentual só não foi maior porque o São Gonçalo FC, time tradicional da cidade homônima da região metropolitana, precisou desistir do torneio, já dando indícios da derrocada interiorana que estava por vir.
Time do Coríntians de Caicó que venceu o Campeonato Potiguar de 2001. (Foto: Reprodução / Blog F. Silva)
Naquela edição, oito clubes representaram sete cidades do interior no campeonato: ASSU (ASSU), Baraúnas e Potiguar (Mossoró), Coríntians (Caicó), Macau (Macau), Potyguar (Currais Novos), Santa Cruz (Santa Cruz do Inharé) e Real Independente (Jardim de Piranhas). Por Natal, os três tradicionais disputaram: ABC, Alecrim e América. Com tanta gente no páreo, o interior chegou mais longe: o ASSU foi campeão, e o Potyguar, vice.
Dali em diante, o número de participações fora de Natal no torneio foi caindo gradativamente. Em 2010, 2011 e 2012, eram sete as equipes do interior disputando o campeonato. Em 2013, caiu para cinco, mas subiu para seis em 2014 com o aumento do número de times na competição (de 8 para 10). Em 2016, voltou para cinco. Já em 2017, caiu para 4, número que se manteve em 2018 e também no campeonato de 2019.
Baraúnas venceu a edição de 2004 do Campeonato Estadual. (Foto: Claudio Roberto)
Em linhas gerais, num intervalo de 10 anos, a realidade se mostrou dolorosa para essas equipes e para o futebol do Rio Grande do Norte como um todo. Neste ano, os representantes de cidades interioranas foram ASSU, Potiguar, Globo (Ceará-Mirim) e Palmeira (Goianinha). Ou seja, dos 72% de representação em 2009, apenas 50% se manteve vivo, ainda que com metade renovada.
Na história, os clubes do interior do Rio Grande do Norte conseguiram vencer 5 edições do Campeonato Estadual. A última delas foi em 2013, com o Potiguar de Mossoró. Antes, o torneio havia sido conquistado por times interioranos nas temporadas de 2001 (Coríntians de Caicó, sendo este o primeiro título da história), 2004 (Potiguar de Mossoró), 2006 (Baraúnas) e 2009 (ASSU). A cidade de Mossoró é a maior vencedora, com 3 títulos.
Jogador do Potiguar ergue troféu do estadual de 2013, o último título do interior do RN. (Foto: Frankie Marcone)
No âmbito nacional, apenas uma equipe do interior do RN se encontra, neste ano, em atividade após o término do Estadual: o Globo. O time cearamirinense está disputando a Série C do Campeonato Brasileiro pela segunda vez, após ter conquistado acesso heroico (que veio coroado com o vice-campeonato nacional) na Série D de 2016. O último representante fora da capital em brasileirões foi o ASSU, que no ano passado jogou a 4ª divisão.
Agora RN

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