Comício na ONU
No discurso que proferiu hoje na abertura da Assembleia Geral da ONU Dilma Rousseffextrapolou. Em vez de usar a tribuna para falar dos problemas do mundo, fez propaganda do seu governo e do período petista no poder.
Até do Ciência Sem Fronteiras e do que fará com o dinheiro do pré-sal, Dilma falou. Fez auto-elogios sobre a controle da inflação, a “solidez fiscal” e outros “feitos” do seu governo. Os desavisados chefes de estado não devem ter entendido nada.
Usou o púlpito como um cenário do seu programa eleitoral da TV – e os chefes de estado como plateia de coadjuvantes.
Eis algumas frases pronunciadas por Dilma em tom de palanque eleitoral:
*Abro este debate geral às vésperas de eleições, que vão escolher, no Brasil, o presidente da República, os governos estaduais e grande parte de nosso Poder Legislativo. Essas eleições são a celebração de uma democracia que conquistamos há quase trinta anos, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Com ela, muito avançamos também na estabilização econômica do país.
*Nos últimos doze anos, em particular, acrescentamos a essas conquistas a construção de uma sociedade inclusiva baseada na igualdade de oportunidades.
*A grande transformação em que estamos empenhados produziu uma economia moderna e uma sociedade mais igualitária. Exigiu, ao mesmo tempo, forte participação popular, respeito aos Direitos Humanos e uma visão sustentável de nosso desenvolvimento.
*Há poucos dias, a FAO informou que o Brasil saiu do mapa da fome. Essa mudança foi resultado de uma política econômica que criou 21 milhões de empregos, valorizou o salário básico, aumentando em 71% seu poder de compra nos últimos 12 anos. Com isso, reduzimos a desigualdade. Trinta e seis milhões de brasileiros deixaram a miséria desde 2003; 22 milhões somente no meu governo. Para esse resultado contribuíram também políticas sociais e de transferência de renda reunidas no Plano Brasil Sem Miséria.
*Na área da saúde, logramos atingir a meta de redução da mortalidade infantil, antes do prazo estabelecido pelas Metas do Milênio. Universalizamos o acesso ao ensino fundamental. Perseguimos o mesmo objetivo no ensino médio. Estamos empenhados em aumentar sua qualidade, melhorando os currículos e valorizando o professor. O ensino técnico avançou com a criação de centenas de novas escolas e a formação e qualificação técnico-profissional de 8 milhões de jovens, nos últimos 4 anos. Houve uma expansão sem precedentes da educação superior: novas Universidades Públicas e mais de 3 milhões de alunos contemplados com bolsas e financiamentos que garantem o acesso a universidades privadas.
*Ações afirmativas permitiram o ingresso massivo de estudantes pobres, negros e indígenas na nossa Universidade.
*Finalmente, os desafios de construção de uma sociedade do conhecimento ensejaram a criação de um programa, o Ciência sem Fronteiras, pelo qual mais de 100 mil estudantes de pós-graduação e de graduação são enviados às melhores universidades do mundo.
*Por iniciativa presidencial, o Congresso Nacional aprovou lei que destina 75% dos royalties e 50% do fundo de recursos do petróleo e do pré-sal para a educação e 25% para a saúde. Vamos transformar recursos finitos, não renováveis – como o petróleo e o gás – em algo perene: a educação, conhecimento científico , tecnológico e inovação. Esse será o nosso passaporte para o futuro.
*Não descuramos da solidez fiscal e da estabilidade monetária e protegemos o Brasil frente à volatilidade externa.
*Assim, soubemos dar respostas à grande crise econômica mundial, deflagrada em 2008. Crise do sistema financeiro internacional, iniciada após a quebra do Lehman Brothers e, em seguida, transformada em muitos países em crise de dívidas soberanas. Resistimos às suas piores consequências: o desemprego, a redução de salários, a perda de direitos sociais e a paralisia do investimento. Continuamos a distribuir renda, estimulando o crescimento e o emprego, mantendo investimentos em infraestrutura.
*O Brasil saltou da 13ª posição para a 7ª maior economia do mundo e a renda per capita mais que triplicou. A desigualdade caiu. Se em 2002, mais da metade dos brasileiros era pobre ou muito pobre, hoje 3 em cada 4 brasileiros integram a classe média e os extratos superiores. No período da crise, enquanto o mundo desempregava centena de milhões de trabalhadores, o Brasil gerou 12 milhões de empregos formais.
*Além disso, nos consolidamos como um dos principais destinos de investimentos externos. Retomamos o investimento em infraestrutura numa forte parceria com o setor privado.
*Todos esses ganhos estão ocorrendo em ambiente de solidez fiscal. Reduzimos a dívida líquida de aproximadamente 60% para 35% do Produto Interno Bruto. A dívida externa bruta em relação ao PIB caiu de 42% para 14%.
*As reservas internacionais foram multiplicadas por 10 e assim, nos tornamos credores internacionais.
*A taxa de inflação anual também tem se situado nos limites da banda de variação mínima e máxima fixada pelo sistema de metas em vigor no Brasil.
Por Lauro Jardim
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